Em entrevista à Lusa, Sónia Pereira justifica a falta desse investimento com o facto de Portugal só no início dos anos 2000 se ter juntado ao lote de países com capacidade para captar imigrantes, fora da esfera de atuação ligada à sua história colonial, e ter diversificado os perfis migratórios (reformados, estudantes internacionais, processos de reagrupamento familiar).
"É um processo. Nós não temos assim tantos mediadores, porque também as comunidades imigrantes são recentes", recorda, realçando que já existe "um perfil linguístico muito diversificado" entre estes agentes fundamentais para a comunicação.
Neste momento, é difícil saber quantos mediadores interculturais existem, porque estão "numa zona cinzenta de enquadramento", reconhece. Muitos foram incluídos na função pública, no quadro da regularização extraordinária de trabalhadores, e outros há que são tradutores com competências de mediação.
"Precisamos de formar melhor e mais tradutores também", acrescenta a alta-comissária, notando que, muitas vezes, os tradutores não são fluentes em português e traduzem para o inglês.
"Os municípios também têm feito um investimento em mediadores que possam fazer a ponte entre a comunidade local e as comunidades imigrantes ou ciganas", destaca Sónia Pereira, dando números concretos neste caso: existem 42 mediadores em 12 municípios, ao abrigo de um programa financiado pelo Programa Operacional Inclusão Social e Emprego (POISE).
Reconhecendo que é preciso "consolidar" a figura do mediador, Sónia Pereira diz que é "uma área de crescimento que vem associada à evolução de Portugal enquanto país acolhedor de imigrantes".