Marcelo alerta que pandemia tem criado novos sem-abrigo

O Presidente da República distribuiu hoje refeições a pessoas carenciadas em Coimbra, alertando que, por todo o país, tem encontrado novos sem-abrigo, muitos deles jovens que ficaram sem teto por causa da crise provocada pela pandemia.

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Lusa
10/07/2020 15:00 ‧ 10/07/2020 por Lusa

País

Covid-19

Na Associação das Cozinhas Económicas Rainha Santa Isabel (ACERSI), Marcelo Rebelo de Sousa distribuiu cumprimentos com os cotovelos mas também refeições a pessoas carenciadas que se deslocam todos os dias até àquele espaço social na Baixa de Coimbra.

Com a crise económica e social que se vai instalando, o número de pessoas que ali vão tem aumentado e o Presidente da República, em declarações aos jornalistas, fez questão de alertar para as vítimas indiretas desta pandemia.

"O que é facto é que, olhando para as filas que aqui passaram, e o mesmo no Porto e em Lisboa, encontramos, além dos antigos sem-abrigo, muita gente, portugueses e estrangeiros, que são os novos sem-abrigo e muito novinhos", notou Marcelo Rebelo de Sousa.

Segundo o chefe de Estado, a grande diferença passa pelo aumento de "gente muito nova" a recorrer a estes apoios, tendo encontrado trabalhadores precários assim como estudantes.

"Eram da classe média e, de repente, por causa da crise, foram atiradas para uma situação de sem-abrigo sem teto ou com teto mas sem dinheiro", salientou.

A diretora técnica da ACERSI, Ana Maria Cristóvão, explicou aos jornalistas que houve um aumento de 200 pessoas que estão a ser apoiadas pela instituição desde o início da pandemia, prestando agora apoio a um total de cerca de 550 pessoas, com mais de 800 refeições diárias.

"Pelos atendimentos que fazemos, pelas pessoas que seguimos e encaminhamos, não me parece que se possa resolver esta crise com a velocidade com que se instalou", referiu, contando que alguns dos que recorrem à ACERSI perderam o seu emprego, outros retomaram-no e outros retomaram-no mas acabaram por perdê-lo.

Ana Maria Cristóvão salientou que a instituição conta com vários casos de pessoas que, sem emprego e sem rede de suporte familiar, passaram a ter muitas dificuldades em "conseguir pagar coisas indispensáveis".

"Não tenho grande esperança que tudo corra pelo melhor", admitiu.

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