Seis anos depois saiu a acusação do caso BES e, instado pelos jornalistas a comentar, após uma reunião com o Conselho da Juventude, Marcelo Rebelo de Sousa recordou outros casos da justiça portuguesa e foi taxativo: "Tivemos boas notícias nos últimos tempos, o caso Tancos foi para julgamento, a Operação Marquês está para despacho final sobre a instrução, a dedução da acusação do caso BES é uma boa notícia".
"Penso que estamos a viver um bom período para a justiça portuguesa e o Presidente da República fica muito feliz por isso", começou por referir.
"É uma boa notícia continuar investigações mesmo sobre magistrados para, precisamente, mostrar que quem não deve não teme e não há ninguém titular de órgão de soberania acima da constituição e da lei", apontou ainda.
"Os portugueses assim acreditam mais na justiça e, ao acreditarem na justiça acreditam na Democracia".
Mas uma justiça feita alguns anos depois ainda "vale a pena?" Marcelo perguntou e respondeu: "Eu acho que vale a pena. Pode ser mais cedo ou mais tarde, mas mais vale tarde do que nunca". "Já aconteceu com o caso Tancos e deve acontecer com todos os casos e não apenas estes, os mais falados e que sensibilizam mais os portugueses", acrescentou.
"É muito importante que a justiça criminal, como a justiça civil, como a justiça fiscal, como a justiça administrativa sejam uma realidade na qual os portugueses possam acreditar. Neste caso, os portugueses puderam acreditar nos passos dados na justiça portuguesa", concluiu o Presidente da República.
De recordar que o ex-presidente do Banco Espírito Santo (BES) Ricardo Salgado foi na terça-feira acusado de 65 crimes, incluindo associação criminosa, corrupção ativa no setor privado, burla qualificada, branqueamento de capitais e fraude fiscal, no processo BES/GES.
Segundo a acusação, que a agência Lusa teve acesso, Ricardo Salgado foi acusado de um crime de associação criminosa, em coautoria com outros 11 arguidos, incluindo os antigos administradores do BES Amílcar Pires e Isabel Almeida.
Está também acusado da autoria de 12 crimes de corrupção ativa no setor privado e de 29 crimes de burla qualificada, em coautoria com outros arguidos, entre os quais José Manuel Espírito Santo e Francisco Machado da Cruz.
O Ministério Público acusou ainda o ex-líder do BES de infidelidade, manipulação de mercado, sete crimes de branqueamento de capitais e oito de falsificação.
[Notícia atualizada às 16h24]