É necessário reunir esforços no combate às hepatites, alerta campanha
'Todos contam' é o mote de uma campanha lançada pela Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia que visa reforçar a mensagem de que é preciso reunir esforços no combate às hepatites, que todos os anos matam 1,5 milhões de pessoas mundialmente.
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País Hepatite
A '#TodosContam' é uma iniciativa patrocinada pela Organização Mundial de Saúde e por várias entidades internacionais que assinala o Dia Mundial das Hepatites, que se assinala na terça-feira, disse à agência Lusa o presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG), Rui Tato Marinho.
"É o reconhecimento de que as hepatites víricas, principalmente a B e C, são um importante problema de saúde pública a nível mundial, e também em Portugal, com um milhão e meio de mortes todos os anos, mais do que a covid-19 matou até agora", observou.
Há um milhão de portugueses que têm as análises do fígado alteradas, mas existe "muita capacidade" de intervenção nas doenças principais deste órgão, "com vacinas e tratamentos muito eficazes", disse o especialista, defendendo a inclusão da análise ao fígado nos exames de rotina.
"Uma das mensagens importantes é que as pessoas se lembrem que é um órgão que não podemos viver sem ele, não há fígado artificial, e até para os transplantes, que chega a pouca gente, nós estamos com menos dadores, porque há menos acidentes", elucidou.
Para Rui Tato Marinho, é "perfeitamente atingível" eliminar o vírus da hepatite C como problema de saúde pública até 2030, cumprindo a meta estabelecida pela OMS, através do tratamento disponível desde 2015 para a hepatite C, com taxas de cura de 97%, da união de esforços para não deixar ninguém sem cuidados e da afetação dos recursos adequados.
Isso exige "uma estratégia muito mais ativa, de ir muito mais ao terreno, testar mais" para identificar as 40 mil pessoas que se estima estarem infetadas e que é preciso diagnosticar, disse, apelando à população para, "pelo menos uma vez na vida", fazer as análises à hepatite B e C e ao VIH.
Para combater o "impacto físico, mental, social e económico" da doença em Portugal, deve ser concertada "uma estratégia de compromisso" entre todos os intervenientes: profissionais de saúde e as suas instituições, doentes, familiares e entidades decisoras.
"Temos de evitar que as coisas se compliquem" e para tal é necessário trabalhar em conjunto e agilizar processos para que os medicamentos cheguem o mais rápido possível a quem precisa.
A campanha conta com a colaboração da SOS Hepatites, do Grupo de Ativistas em Tratamento (GAT) e da Associação Ares do Pinhal.
Em comunicado, o diretor-executivo do GAT, Ricardo Fernades, alerta para o "grande impacto" das hepatites na saúde das pessoas, mas lembra que "tudo isto pode ser prevenido" através da vacinação, do tratamento e do diagnóstico precoce.
Esta posição é partilhada pela presidente da SOS hepatites, Emília Rodrigues, sublinhando que uma das "grandes batalhas" da associação é "o rastreio".
"Embora ainda haja discriminação e ostracismo para com os portadores", a hepatite é uma doença assintomática que pode atingir qualquer pessoa, disse, exemplificando com quedas dadas no passado em que a pessoa teve de levar 'um pontinho', um parto antes de 1992 ou um destacamento na guerra do ultramar.
Elsa Belo, diretora-técnica da Ares do Pinhal, associação que apoia pessoas em situação de exclusão social, acrescentou que muitas destas pessoas "desconhecem a sua situação real de saúde e de uma forma geral aceitam fazer o rastreio", até porque têm consciência que levam uma vida de risco e que estão excluídos da sociedade e dos circuitos de tratamento convencionais.
"Dependemos da boa vontade e disponibilidade pessoal dos médicos e equipas para marcação de consultas e follow-up das situações", o que pode significar "a não continuidade do acompanhamento e de cuidados necessários futuros em contexto hospitalar", lamentou.
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