A ministra da Saúde começou a conferência desta sexta-feira dando nota que os casos ativos da doença em Portugal são agora 12.864 e que entre estes encontram-se infeções ligadas a surtos. No total, indicou, existem 194 surtos ativos no país: 47 na região Norte, 12 no Centro, 106 em Lisboa e Vale do Tejo, 14 no Alentejo e 15 na região do Algarve.
Os surtos são considerados ativos ainda que tenham passado vários dias sobre o último caso confirmado. "Só consideramos um surto extinto quando passaram 28 dias (dois períodos de incubação) sobre o último caso confirmado", recordou Marta Temido.
Taxa de incidência
Em termos de taxa de incidência, nos últimos sete dias, os números de novos casos "mostram agora que temos 13,4 novos casos por 100 mil habitantes", sendo esse valor de 29,1 novos casos por 100 mil habitantes no caso da incidência a 14 dias, indicou a ministra.
Índice de transmissibilidade
Quanto ao valor médio do índice de transmissibilidade (RT), este fixou-se, para os dias 23 a 27 de julho, nos 0,94, podendo o verdadeiro valor situar-se entre 0,93 e 0,96, com um intervalo de confiança de 95%.
"Adicionalmente, os resultados indicam que o número de novos casos a cada geração se mantém numa trajetória de decréscimo paulatino a nível nacional, o que mostra os frutos daquilo que tem sido o trabalho da saúde pública, dos profissionais de saúde em geral, e dos portugueses, assim como a necessidade de continuarmos a insistir num conjunto de comportamentos e práticas de trabalhar", destacou ainda Marta Temido.
Obesidade começa a ser associada à mortalidade nos mais jovens
Graça Freitas confirmou que entre as oito mortes reportadas hoje se encontra a de uma mulher de 39, sublinhando que apesar de não ser frequente, acontece. Neste caso, tratou-se de uma mulher com mobilidades e com uma situação de obesidade, "um factor que começa a ser observado em mortalidade de pessoas relativamente jovens", frisou a diretora-geral, dando conta que a obesidade "começa a estar descrita em vários estudos internacionais e mesmo na casuística nacional como sendo um possível factor de risco para um prognóstico menos favorável".
Impacto na pandemia na saúde mental?
O estudo realizado pelo INSA já chegou ao gabinete da ministra, disse a própria, afirmando, contudo, que ainda não foi possível "fazer a avaliação desse trabalho", remetendo essa tema para depois.
Imunidade em Portugal é baixa
Referindo que o primeiro inquérito serológico nacional teve como um dos principais objetivos caracterizar a existência de anticorpos contra o novo coronavírus (determinando o nível de imunidade), Ana Paula Rodrigues (Instituto Nacional Ricardo Jorge) detalhou que foi analisada uma amostra de 2.301 pessoas residentes em Portugal, com idade superior a um ano de idade, recrutadas em todas as regiões de saúde do continente e ilhas. O período de recolha de dados e mostras decorreu entre 21 de maio e 8 de julho, um período que coincidiu com "o decréscimo da atividade epidémica" e com o aumento na área de Lisboa.
A seroprevalência (a proporção de pessoas que têm anticorpos contra o novo coronavírus) é de 2,9%. Ana Paula Rodrigues sublinhou que se encontraram valores semelhantes entre grupos etários que variaram ede 2.2% entre os 10 anos e os 19 anos, e de 3,2% no grupo etário dos 40 aos 59. O facto de os valores serem semelhantes, justificou, tem a ver com o facto de serem valores muito pequenos, o "que não quer dizer que não existam efetivamente diferenças se tivéssemos um nível de prevalência mais elevado".
Lisboa e Vale do Tejo teve uma seroprevalência de 3,5%, sendo o Alentejo a região onde se verificou o nível mais baixo, 1,2%.
Pessoas com ensino secundário com mais anticorpos
Uma das conclusões apontadas é que se encontrou um valor mais elevado de anticorpos nas pessoas com ensino secundário face àqueles que têm ensino superior. "Interpretamos isto como o facto de terem sido estas pessoas a trabalhar mais durante este período tendo um maior número de contactos", sublinhou.
"A diferença do nível de escolaridade justifica a diferença que encontrámos entre homens e mulheres", disse a responsável indicando que o nível de anticorpos é mais elevado no sexo masculino (4.1%).
Os dados do inquérito permitem concluir que houve uma "baixa circulação do vírus na sociedade portuguesa", "muito provavelmente relacionado com as medidas de saúde pública instituídas no início da pandemia". Independentemente do nível de anticorpos que cada pessoa tenha, continua a recomendar-se que tomem as mesmas medidas de precaução quer a nível individual quer a nível coletivo.
Recorde aqui a conferência desta sexta-feira