Lídia Sousa é responsável por um dos espaços que vendem 'souvenirs' na baixa de Ponta Delgada. "Por esta altura os turistas faziam fila para entrar na loja, hoje é como vê", comenta com a agência Lusa, sem pessoas na loja.
A jovem empresária teve de adaptar-se à nova realidade e impor novos horários, que contemplam o encerramento da loja às 20h00, quando anteriormente fechava às 22h00, com "grande dificuldade devido ao número de turistas". Antes da pandemia, gostavam de comprar uma t-shirt com as tradicionais vaquinhas ou baleias dos Açores, além de outros produtos vocacionados para o turismo.
Em 2019, por esta altura, circulavam milhares de pessoas na cidade, de acordo com a empresária, que afirma que os poucos turistas que surgem agora na loja, na sua maioria nacionais, "estão a comprar pouco".
Existe "alguma insegurança por parte das pessoas", na sua opinião motivada por comentários contra a vinda de turistas para os Açores por parte dos locais nas redes sociais. Não está esperançada numa retoma turística antes da Páscoa de 2021, se entretanto houver vacina para a covid-19.
Numa das esplanadas mais centrais da cidade, duas visitantes de origem continental deliciam-se a saborear o queijo de ilha, com o gerente do espaço, Álvaro Loras, a afirmar que existe um "decréscimo muito grande em termos de turistas e mesmo locais, comparando com os anos anteriores".
Contudo, "nos últimos dias tem-se notado alguma evolução", surgindo "mais turistas durante o dia e à noite, sobretudo de origem nacional, e alguns estrangeiros". A esperança, assume, é que agosto venha a ser melhor.
Face a esta nova realidade, houve que ajustar horários e encerrar mais cedo em função da procura, um procedimento adotado também por outro café muito procurado na baixa da cidade, como refere Lina Medeiros, contando que em julho se notou já "alguma diferença", com os turistas a entrarem e a consumir.
A marginal de Ponta Delgada é também uma sombra dos verões anteriores, com apenas algumas pessoas a usufruírem de esplanadas, cafés e restaurantes, longe dos dias das chegadas de cruzeiros com milhares de turistas, substituídos por quem pratica exercício físico e trabalha na baixa.
No Mercado da Graça, as sextas-feiras e os sábados eram dias intensos de movimento, mas quem vende no local queixa-se não só da falta de turistas, mas também de locais, que ali se deslocavam em grande número para adquirem legumes, frutas, peixe e carne fresca a preços competitivos com as superfícies comerciais.
Na maior superfície comercial de Ponta Delgada, o movimento tem vindo a intensificar-se, segundo os lojistas, mas as compras estão longe dos resultados de 2019.
De acordo com o Serviço Regional de Estatística dos Açores, de janeiro a março de 2020, nos alojamentos turísticos inquiridos apuraram-se 305,8 mil dormidas.
A hotelaria tradicional, que compreende hotéis, hotéis-apartamentos, apartamentos turísticos e pousadas, atingiu 219,9 mil dormidas nesse período, o turismo no espaço rural 2,4 mil dormidas, as pousadas de juventude 3,8 mil dormidas, os parques de campismo 0,2 mil dormidas e o alojamento local 79,5 mil dormidas.