"É com profundo pesar e imensa tristeza que a Escola de Mulheres comunica a morte de Fernanda Lapa, diretora artística desta companhia desde a sua fundação, em 1995", pode ler-se no comunicado.
Várias vezes premiada, Fernanda Lapa coordenou as comemorações do centenário de Bernardo Santareno, que se assinala este ano, de quem a Escola de Mulheres vai levar ao palco, em novembro, a obra 'O Punho', com versão cénica da atriz e encenadora.
Segundo a biografia disponibilizada pela Escola de Mulheres, Fernanda Lapa soube, "desde cedo", que o "Teatro seria a sua vida".
Autora da mensagem do Dia Mundial do Teatro deste ano, a convite da Sociedade Portuguesa de Autores, Lapa defendeu que se exija um plano de desenvolvimento teatral com futuro e que se aposte na força do teatro para as transformações que a atualidade exige.
"Viva o teatro, os seus agentes e o seu público", escreveu a atriz, encenadora e diretora da Escola de Mulheres, num texto em que explicava por que motivo se escolhe ser dramaturgo.
"Esta opção traz implícitas muitas consequências e uma delas é que o homem de teatro necessita do público de uma maneira carnal, pois o teatro é, em si mesmo, a expressão artística mais carnal de todas, uma expressão em que o verbo ou a sugestão ou a situação emocional elaborada pelo autor, tem de ser encarnada por um ator, que cada vez que a peça está no palco a diz ao vivo para um público vivo", sustentava.
A fundação da Escola de Mulheres surgiu, em 1995, para "romper com o estado de coisas a que estavam remetidas as mulheres no teatro português".
"Ao longo dos séculos, a voz das Mulheres foi silenciada em várias áreas, e também na Cultura, e não vale a pena escamotear esta realidade. Sofremos, ainda, as sequelas dessas mordaças, embora muito se tenha avançado, a partir do 25 de Abril em Portugal, pela luta das forças progressistas, mas sobretudo das próprias Mulheres e das suas Organizações", afirmou.
Fernanda Lapa venceu o prémio Sete de Ouro para a melhor encenação em 1992 e Prémio da Crítica para a Encenação em 1992 com 'Medeia é Bom Rapaz', tendo ainda recebido o prémio especial Procópio em 1999 e o Globo de Ouro para melhor espetáculo por 'A Mais Velha Profissão', em 2005.
A atriz, que para além do teatro também trabalhou na televisão e no cinema, recebeu ainda a Medalha de Mérito Cultural em 2005.