Viajar com teste pré-embarque é uma missão quase impossível em Luanda
Viajar com um teste de covid-19 negativo, uma exigência para quem regressa a Portugal proveniente de Luanda, é uma obrigação quase impossível de cumprir, face às dificuldades no agendamento e obtenção de resultados e custos elevados.
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País Covid-19
Devido à situação de calamidade pública e à prorrogação da cerca sanitária na província de Luanda e município do Cazengo (província do Cuanza-Norte), os voos internacionais comerciais regulares de e para Angola continuam suspensos por tempo indeterminado e os que são permitidos dependem da aprovação das autoridades e implicam a realização de testes laboratoriais para despiste da covid-19, realizados até 72 horas antes do embarque.
Numa semana em que tanto a TAP como a TAAG têm agendados voos na rota Luanda-Lisboa, a agência lusa fez uma ronda pelas principais clínicas da cidade para tentar marcar um teste, uma tarefa que se revelou árdua e exige tempo e paciência.
"Não estamos a fazer marcações", responderam da Luanda Medical Center, indicando que se trata de "uma situação pontual", sem avançar explicações e pedindo para voltar a ligar durante a semana.
A Luanda Medical Center tem sido a clínica privada de referência para a realização dos testes de base molecular RT-PCR, que são exigidos pré-embarque ou para ter alta após a quarentena, imposta a quem regressa a Angola.
Na Sagrada Esperança, é possível fazer testes rápidos serológicos, obrigatórios para quem quer viajar para outras províncias, uma vez que Luanda está sob cerca sanitária, e marcar testes de base molecular, mas os resultados demoram até sete dias, o que inviabilizaria qualquer viagem esta semana. Cada teste custa 220.000 kwanzas (320 euros), informaram por telefone.
O número geral disponibilizado pela Clínica Girassol exige alguma insistência até ser possível falar com alguém.
Mas a resposta é negativa: "Não fazemos testes", informa a afável rececionista.
A Mediag também não faz e, simpaticamente, sugere o contacto com a Luanda Medical Center, como o faz outras das clínicas contactadas, a Multiperfil, que não dispõe de testagem.
A Lusa tentou também contactar os laboratórios públicos do Instituto Nacional de Investigação em Saúde (INIS), mas sem sucesso.
Os três números disponibilizados na página da Internet do instituto devolvem uma mensagem automática da Angola Telecom que dá a conhecer aos "estimados clientes" que o serviço foi cancelado.
Angola regista, desde março até à presente data, um total de 1.935 casos, dos quais 88 óbitos, 632 recuperados e 1.215 ativos, incluindo cinco doentes em estado crítico, com ventilação mecânica invasiva e 19 graves.
A província de Luanda, capital de Angola, o epicentro da doença está sob cerca sanitária, desde o registo dos primeiros casos no país, com algumas exceções para saída, para as quais é exigida a apresentação de um teste de covid-19.
O país tem as fronteiras fechadas desde 20 de março, mas tem permitido a realização de voos de carga e outros, classificados como humanitários ou de repatriamento, mediante aprovação das autoridades angolanas.
Também Portugal tem restrições ao tráfego aéreo, permitindo a realização de viagens consideradas "essenciais" para voos com origem em e para países lusófonos e EUA, também sob medidas de controlo sanitário.
Os passageiros devem apresentar um teste negativo realizado nas 72 horas anteriores à partida, exceto aqueles que estão em trânsito e não saiam das instalações aeroportuárias.
Os cidadãos nacionais e estrangeiros com residência legal em Portugal que, excecionalmente, não apresentem o comprovativo terão de fazer o teste à chegada, a expensas próprias.
Caso se recusem a fazer o teste à chegada, incorrem nos crimes de desobediência e de propagação de doença contagiosa, e devem realizar o mesmo, a expensas próprias, num prazo de 48 horas.
Relativamente aos cidadãos estrangeiros é recusada a entrada em território nacional de todos os passageiros que embarcarem sem o teste realizado, sendo a companhia aérea objeto de contraordenação em caso de incumprimento.
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