A família de um dos idosos que morreu no lar de Reguengos de Monsaraz, onde um surto da Covid-19 matou 16 utentes, prepara-se para avançar com um processo contra a instituição, avança a TVI24. A mulher e a filha do homem explicam que o lar tinha falta de funcionários e que o idoso apresentava sinais de negligência em que reparavam quando o visitavam. José Falcato tinha 85 anos.
"O que queremos é que se faça justiça para que não aconteça a outras pessoas", destacou a filha à estação de Queluz.
De recordar que a Comissão de Inquérito da Ordem dos Médicos - que fez o relatório sobre as condições do lar de Reguengos de Monsaraz - não obteve autorização para entrar nas instalações a propósito da realização do inquérito.
O relatório, a que a RTP teve acesso, revela que o diretor da Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo, José Robalo, intimidou os médicos com um processo disciplinar perante os alertas para o facto de não haver condições no lar de Reguengos de Monsaraz e alegada recusa em trabalhar face à falta de condições.
Já o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) disse que os médicos convocados pelas hierarquias para trabalhar no referido lar não se furtaram ao cumprimento de quaisquer deveres "antes os honraram".
O surto de Reguengos de Monsaraz provocou 162 casos de infeção, a maior parte no lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva (80 utentes e 26 profissionais), mas também 56 pessoas da comunidade, tendo morrido 18 pessoas (16 utentes e uma funcionária do lar e um homem da comunidade).