"O nosso apelo à Ordem dos Médicos é que apelem aos médicos para que não deixem as pessoas [utentes dos lares] sem médicos. A única solução que temos numa situação dessas é transferi-las para os hospitais e iríamos fazê-las correr um risco maior e 'encharcar' os hospitais", afirmou Manuel de Lemos.
Em declarações aos jornalistas, depois de uma reunião com o bastonário da Ordem dos Médicos, o presidente da União de Misericórdias Portuguesas explicou que este apelo surge na sequência do surto de covid-19 num lar de Reguengos de Monsaraz e de, na semana passada, médicos do centro de saúde terem alegadamente recusado auxílio à Santa Casa da Misericórdia do Barreiro.
"De facto, nós temos um caso concreto em que houve recusa dos médicos do centro de saúde e nós não queremos ser acusados de omissão de auxilio", referiu, acrescentando que o apelo visa também "ajudar nos casos onde há ou possa vir a existir" um surto de covid-19.
Questionado pelos os jornalistas sobre o protocolo de cooperação com o Estado, Manuel de Lemos afirmou que a cooperação tem de ser incrementada de modo a que os utentes tenham acesso aos médicos.
"Essa cooperação tem de ser incrementada. O que queremos mesmo é que os utentes tenham acesso (...). As pessoas não podem ficar sem cuidados médicos", afirmou.
Por sua vez, o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, assegurou que, apesar de não saírem decisões concretas da reunião, vai ser constituído um grupo de trabalho para tentar melhorar os cuidados prestados aos idosos, sendo essa uma "intenção da ordem".
"Vamos constituir um grupo de trabalho para tentar melhorar aquilo que são os cuidados prestados aos nossos idosos. Essa é a intenção da ordem e da união de misericórdias", referiu, acrescentando que outro dos princípios é garantir que os lares tenham apoio médico e que o mesmo não interfira com o que os médicos fazem noutros locais.
A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 809 mil mortos e infetou mais de 23,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.801 pessoas das 55.720 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.