Com a volta, o ciclista José Cebola, através da venda de camisolas alusivas à iniciativa e da recolha de donativos junto de particulares e municípios, "conseguiu angariar cerca de dois mil euros" a favor da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva (FMIVPS), disse hoje à agência Lusa o diretor de serviços da instituição, João Carlos Silva.
"É uma ajuda muito bem-vinda", frisou, adiantando que a quantia angariada "será canalizada para a aquisição de mobiliário e outros bens para os utentes do lar da fundação, nomeadamente camas articuladas".
Segundo João Carlos Silva, "face aos custos suplementares e elevadíssimos" originados pela pandemia de covid-19 e que "dispararam" com o surto que afetou o lar - aos quais "a fundação, obviamente, tem de responder" - "todos os apoios que chegarem, monetários ou em bens, são muito bem-vindos".
João Carlos Silva agradeceu "a iniciativa e o esforço" de José Cebola, referindo que a fundação aguarda, como fruto da volta solidária a seu favor, "outros donativos de empresas e entidades que se mostraram interessadas em ajudar".
Em declarações à Lusa, o ciclista José Cebola, de Reguengos de Monsaraz, disse que a volta "foi uma aventura dura", mas que "valeu a pena", já que o resultado é "bastante positivo".
"A vida só me preenche e só faz sentido se der o que puder de mim em prol do meu semelhante, em especial dos mais vulneráveis e, neste caso, dos nossos anciãos", disse José Cebola, mostrando-se feliz por ter ajudado e agradecendo a todos os particulares e municípios que contribuíram para ajudar a fundação.
Através da Volta a Portugal Solidária em Bicicleta para angariar donativos para a Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva, que começou no dia 16 de agosto e terminou no passado sábado, José Cebola pedalou 2.150 quilómetros e passou por 20 localidades, onde, disse, foi "sempre bem recebido".
Em cada uma das localidades, José Cebola vendeu camisolas técnicas alusivas à iniciativa e recebeu donativos de "todos os que quiseram apoiar" a fundação.
Segundo o ciclista, a maioria das camisolas foi comprada e "a grande percentagem" dos donativos foi doada por particulares, mas todos os municípios por onde a volta passou prestaram apoio logístico - ao nível de alojamento e alimentação, ao ciclista e aos elementos que o acompanharam no carro de apoio - e alguns também compraram camisolas.
O surto de covid-19 no lar da FMIVPS foi detetado em 18 de junho e provocou 162 casos de infeção e 18 mortes.
A maior parte dos casos de infeção (126) ocorreu no lar da FMIVPS e atingiu 80 utentes e 26 profissionais, mas o surto alastrou-se e infetou também outras 56 pessoas da comunidade.
Entre os 18 mortos, contam-se 16 utentes e uma funcionária do lar e um homem da comunidade.
A Procuradoria-Geral da República instaurou um inquérito ao surto de covid-19 no lar da FMIVPS que está a analisar o relatório da comissão de inquérito da Ordem dos Médicos acerca da instituição de apoio aos idosos, conhecido em 06 de agosto e que aponta para o incumprimento das orientações da Direção-Geral da Saúde.