"Nós achamos que nada substitui o ensino presencial, mas se as medidas não forem exigentes, rigorosas, se não forem aquelas que se recomenda para a comunidade, o que vamos ter é rapidamente escolas a fecharem", sublinhou Mário Nogueira.
O secretário-geral da Fenprof falou hoje aos jornalistas à entrada da Escola EB 2,3 Marquesa de Alorna, em Lisboa, onde apresentou os resultados de um inquérito a 321 agrupamentos escolares, que revelam que a maioria das escolas vai reabrir com falta de funcionários e docentes e não conseguiu implementar algumas das orientações do Ministério da Educação para minimizar o risco de contágio do novo coronavírus.
"As direções das escolas, os professores e quem preparou este ano letivo fez o que era possível e até o quase impossível", sublinhou, explicando que, no entanto, as escolas não tiveram condições para muitas das medidas necessárias.
O dirigente sindical referia-se, em particular, ao distanciamento físico de, no mínimo, um metro entre alunos, medida que, segundo o levantamento feito pela Fenprof, não foi possível assegurar pela maioria das escolas (52,5%).
Além deste, o representante dos professores apontou outros problemas que ainda se verificam no primeiro dia do arranque do ano letivo, desde a falta de docentes e assistentes operacionais, à falta de verbas para a aquisição de equipamentos de proteção individual e produtos de limpeza e desinfeção.
A resolução destas questões, defendeu Mário Nogueira, é urgente para que as escolas se possam manter abertas. E acrescenta: "A exigência é de quem não quer que as escolas fechem".
"Aquilo que ainda não está feito, e que foram perdidos dois meses sem ser feito, tem de ser feito agora", considerou, sublinhando que as mensagens de confiança do ministro da Educação não são suficientes.
"O senhor ministro pode repetir a palavra confiança, a palavra segurança, que não é isso que torna segura a escola e que dá confiança às pessoas. São precisas as medidas que até agora não foram tomadas", sublinhou.
Apesar da falta de condições de segurança em muitas escolas, Mário Nogueira afastou que a solução passasse por adiar o início do ano letivo, apelando, em vez disso, à responsabilidade da comunidade educativa, enquanto a tutela não acautelar a situação.
O secretário-geral referiu ainda que, da mesma forma que a decisão de encerrar uma escola em caso de surto cabe às autoridades de saúde locais, as condições na abertura também deveriam ter sido avaliadas por estas, defendendo, por outro lado, a realização de testes à covid-19 antes do regresso às aulas, uma reivindicação da estrutura sindical desde que as escolas secundárias reabriram em maio.
O ano letivo arranca entre hoje e quinta-feira, com o regresso de alunos e professores às escolas e ao ensino presencial, interrompido em março devido à pandemia da covid-19.
A maioria das escolas vai, no entanto, aproveitar os primeiros dias para realizar as habituais sessões de receção aos encarregados de educação. É o caso da Escola EB 2,3 Marquesa de Alorna, em Lisboa, onde a Fenprof esteve hoje, e que só reabre os portões aos alunos a partir de quarta-feira.
MYCA // HB
Lusa/fim