Na conferência de imprensa sobre a evolução da pandemia, a governante salientou que existem atualmente "cerca de 21 mil camas de internamento" no SNS e apresentou apenas um retrato detalhado das regiões do Norte e de Lisboa e Vale do Tejo, sem deixar de salientar que "a capacidade de gestão das camas de internamento é flexível" entre as diversas instituições.
"Em 24 de setembro, a região Norte reportava ter um total de 5.498 camas, sendo que 268 estavam afetas a enfermaria covid, onde estavam internados 156 doentes; relativamente a unidades de cuidados intensivos [UCI], estão afetas a doentes covid 41 camas, das quais 26 ocupadas", explicou, elencando de seguida o cenário de Lisboa e Vale do Tejo: "Há 7.083 camas, sendo que 553 estão afetas a doentes covid e 346 estão ocupadas, e em unidades de cuidados intensivos estão 85 camas afetas a doentes covid e 54 ocupadas".
Marta Temido enfatizou ainda que estes números ocorrem numa fase da pandemia em que não está suspensa a atividade assistencial a doentes com outras patologias, depois de se ter verificado uma quebra significativa dessa realidade durante o confinamento.
"Aquilo que estamos a referir como camas afetas a covid pode ser expandido, este não é o nosso limite de ocupação", notou, acrescentando: "Tínhamos ontem [quinta-feira] 68% de ocupação das nossas UCI polivalentes de adulto nível 3 sem suspensão de atividade assistencial não covid e é isso que queremos manter o mais possível".
Paralelamente, a ministra da Saúde reiterou a adaptação das atuais áreas de covid-19 nos cuidados de saúde primários e nas unidades de urgências em áreas dedicadas para doentes respiratórios (ADR), devido à "confluência de duas realidades nos próximos meses", em alusão à chegada da fase da gripe em simultâneo com a continuação da pandemia provocada pelo novo coronavírus, cujas sintomatologias são semelhantes.
Em relação ao acompanhamento de grávidas nos partos, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, clarificou que a orientação "vai no sentido de permitir, obviamente, o acompanhamento da grávida por quem ela entender", embora a última palavra pertença às equipas clínicas responsáveis.
"Não podemos fazer uma norma fechada e cega. [A orientação] deixa às equipas clínicas a última decisão de, em determinadas circunstâncias, poderem dizer que por motivos clínicos e de segurança -- quer da mulher, quer dos profissionais, quer do acompanhante -, não poder ser possível esse acompanhante estar presente. Mas a regra é estar presente, é um direito que queremos que se mantenha o mais possível. Apelo a que os serviços tentem cumprir esta regra o mais possível", vincou.
Portugal contabiliza pelo menos 1.936 mortos associados à covid-19 em 72.055 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).
A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 984.068 mortos e cerca de 32,3 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.