Pandemia limitou relações e desenvolvimento de projetos com China
A pandemia de covid-19 limitou o desenvolvimento de projetos e as relações institucionais entre Portugal e a China, com impacto no intercâmbio de estudantes e no desenvolvimento de projetos e infraestruturas, disseram responsáveis à Lusa.
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País Covid-19
O presidente do Instituto Politécnico de Leiria (IPL), Rui Pedrosa, destacou o impacto que a pandemia teve no instituto, em particular afetando o curso de Tradução e Interpretação Português/Chinês -- Chinês/Português (TIPC/TICP), que através de protocolos de cooperação permite que estudantes portugueses estudem na China ou em Macau.
"Tivemos algumas condicionantes. Desde logo, antes da fase da pandemia chegar à Europa e a Portugal já nós estávamos em articulação, no início do ano, com os nossos estudantes que estavam particularmente em Pequim e também em Macau", disse à Lusa, acrescentando que os estudantes do IPL regressaram a Portugal "mais ou menos de imediato".
Rui Pedrosa sublinhou que a licenciatura em TIPC/TICP "está limitada neste semestre".
"De facto, a grande diferença da nossa licenciatura, que é uma licenciatura de quatro anos e que tem períodos de imersão não só do ponto de vista técnico e científico, mas também cultural na China, em Pequim e Macau, está limitada neste semestre", afirmou o presidente do Politécnico de Leiria.
Devido às restrições e incerteza impostas, os estudantes do instituto não estarão em Macau ou Pequim, mas irão assistir, à distância, às aulas aí lecionadas.
"Na relação que temos também com o Politécnico de Macau, que também tem um curso de Tradução e Interpretação Português/Chinês -- Chinês/Português, neste semestre ainda não está a 100% fechada, mas a ideia que temos agora é, em articulação com o Politécnico [de Macau], ter uma turma a funcionar presencialmente cá e uma turma à distância que estaria em Macau", esclareceu.
Sobre a presença de alunos de Pequim ou Macau nas instalações do Politécnico de Leiria, Rui Pedrosa assinalou que é uma situação que "tem vindo a evoluir".
"Estamos em articulação permanente, tendo preparado vários cenários naturalmente para o ensino presencial para um ensino misto ou para o ensino à distância", vincou.
Fernanda Ilhéu, presidente da Associação Amigos da Nova Rota da Seda, destacou que "tem havido um movimento enorme de cooperação" e de contacto entre instituições, mas que não tem havido evolução no caso de projetos práticos.
"Há alguma indicação de projetos que se podem vir a desenvolver, nomeadamente na Rota da Seda da Saúde, etc., mas não, não evoluímos muito noutras coisas, como por exemplo a cooperação em infraestruturas ou outro tipo de projetos que estejam e que estão referidos nos protocolos que a China assinou com Portugal quando o Presidente [chinês] Xi Jinping esteve entre nós, em 2018", assinalou Fernanda Ilhéu.
A professora universitária destacou que há um "grande ponto de interrogação" sobre o futuro, ao nível "não só da saúde, mas também da economia".
Questionada sobre os efeitos da pandemia em Macau e na dependência do território do jogo, Fernanda Ilhéu assinalou que terá um impacto profundo.
"Obviamente que isso [pandemia] será um rombo grande nas receitas de Macau. Grande parte das receitas da administração de Macau vêm do jogo e grande parte do dinamismo económico é o jogo. Isto, para já, dá mais uma vez a Macau a ideia de que não pode estar tão dependente do jogo", disse, acrescentando: "Claro que o dinheiro do jogo é imenso e, portanto, todas as administrações tendem a ficar um pouco sentadas em cima disso, mas esta epidemia vem demonstrar que não nos podemos sentar em cima do jogo".
A pandemia de covid-19 já provocou mais de um milhão e trinta mil mortos e mais de 35,2 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
As medidas para combater a pandemia paralisaram setores inteiros da economia mundial e levaram o Fundo Monetário Internacional (FMI) a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 4,9% em 2020, arrastada por uma contração de 8% nos Estados Unidos, de 10,2% na zona euro e de 5,8% no Japão.
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