Diogo Serras Lopes reagia desta forma, na conferência de imprensa regular sobre a pandemia covid-19 em Portugal, a críticas levantadas pela Ordem dos Enfermeiros e pela Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, que defendem que deviam ser contratados os enfermeiros desempregados para integrarem estas equipas, para fazerem o inquérito epidemiológico dos contactos de doentes com covid-19.
O governante começou por recordar que houve "um reforço muito significativo" de recursos humanos durante a pandemia e que uma "parte significativa" desse reforço foram enfermeiros.
Por outro lado - notou - "as várias entidades do setor público continuam com autonomia de contratação nas diversas categorias e, portanto, é razoavelmente muito claro que as necessidades serão colmatadas à medida que elas existirem assim existam obviamente profissionais disponíveis para trabalhar connosco".
Relativamente aos estudantes, Diogo Serras Lopes afirmou que já estão na fase final da formação e que vão realizar este trabalho com professores e com o apoio dos profissionais da saúde pública.
"Parece-nos uma forma particularmente inteligente e interessante de reforçar estas equipas e de trazer estes estudantes para uma experiência profissional" que, apesar de acontecer "num contexto de pandemia" que "é difícil para todos", "não deixará de ser relevante na sua formação como profissionais de saúde".
Nesse sentido, rematou, "é uma medida bastante importante e que consideramos muito relevante".
A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, adiantou, por seu turno, que "ao contrário do que se tem dito, as unidades de saúde pública ao longo destes últimos meses e praticamente desde o início da pandemia" têm vindo a integrar outros profissionais.
"Os estagiários de enfermagem são mais uma camada de reforço e não impedem outros recrutamentos e outras estratégias que a nível local sejam consideradas necessárias", frisou Graça Freitas.
Questionado também sobre a capacidade máxima de internamento do SNS perante a previsão de quatro mil casos diários de covid-10, Diogo Serras Lopes afirmou que depende de vários fatores.
"Não há uma resposta evidente de qual é a capacidade máxima do SNS, depende sempre de escolhas que fizermos nomeadamente relativamente à restante atividade que existe do Serviço Nacional de Saúde. E, portanto, eu diria que a capacidade é bastante elástica", sublinhou.
Sobre o anúncio do ministro da Defesa, João Cravinho, de que o centro de apoio militar à covid-19 no antigo hospital militar em Belém será reforçado com 60 camas, o governante afirmou que esta "será certamente a primeira linha de resposta caso exista alguma dificuldade dentro do próprio SNS relativamente à capacidade de camas de enfermaria ou de cuidados intensivos em casos específicos".
Quanto ao apelo feito pelo bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, para que a política de comunicação seja mais simples, mais curta e mais clara, Diogo Serras Lopes disse que o Ministério da Saúde está a trabalhar desde o início desta pandemia "incansavelmente para ter a melhor comunicação possível com os portugueses", através conferências de imprensa e "de variadíssimas outras formas numa lógica de transparência absoluta e de comunicação efetiva".
"É evidente que é sempre algo que podemos melhorar e é algo no qual trabalhamos todos os dias e continuaremos certamente a fazê-lo", assegurou.
Graça Freitas acrescentou que, neste momento, estão a apostar na "mobilização social" de atores que estão no dia a dia das pessoas" e também no "grande trabalho com as autarquias e muitos parceiros" como as farmácias comunitárias, para passar a mensagem.
A covid-19 já matou 2.229 pessoas em Portugal dos 106.271 casos de infeção confirmados, segundo o boletim mais recente da DGS.