"Situação é grave". Preveem-se 444 doentes em UCI no início de novembro
Depois de uma semana em que vários recordes foram batidos, a ministra Marta Temido falou esta segunda-feira ao país sobre a capacidade de resposta do SNS à pandemia da Covid-19.
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País Covid-19
A ministra da Saúde marcou, para esta segunda-feira, uma conferência de imprensa sobre a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS), fazendo uma análise desde o início da pandemia no país e antecipando cenários para os próximos dias.
Marta Temido começou por revelar que o índice de transmissibilidade da Covid-19, "entre os dias 17 e 21 de outubro, foi de 1.21%", e que, nesta semana, "foram ultrapassados os máximos [de infecção] em todas as faixas etárias".
Já sobre as projeções para os próximos dias, da responsabilidade do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), a governante anunciou que espera-se um número superior de internamentos em enfermaria e na unidades de Cuidados Intensivos (UCI) ao registado na primeira vaga e um aumento do número de óbitos, nas próximas semanas.
"Projeta-se que no dia 28 de outubro seja ultrapassado o máximo de doentes hospitalizados" na primeira vaga, revelou Marta Temido, acrescentando que "no dia 4 de novembro preveem-se 2.634 internados em enfermaria e 444 nos Cuidados Intensivos". "Um cenário de grande complexidade", sublinhou a ministra.
Já esta quarta-feira, dia 28, deverá ser ultrapassado o máximo de doentes hospitalizados nos Cuidados Intensivos registado na primeira vaga (271).
SNS preparado para encaminhar os doentes para o privado
Quanto à capacidade do SNS, a ministra recordou que este foi reforçado em 1.445 milhões de euros e garantiu que está "mais bem preparado em meios técnicos, humanos e conhecimento" do que antes. A gestão de camas em cada Administração Regional de Saúde (ARS) é "dinâmica e flexível", revelou Marta Temido, e pode variar em função da necessidade de isolamento de enfermeiros ou de obras de expansão das mesmas em centros hospitalares específicos.
A partir de um gráfico apresentado pela governante, durante a conferência de imprensa, foi possível verificar que o SNS tem um total de 19.778 camas, 17.741 delas destinadas a doentes Covid-19 em hospitais gerais.
Contudo, numa situação de pico, garantiu a ministra, o número de camas no SNS para doentes Covid-19 pode atingir as 18.077 e, "numa situação extremada", pode existir mesmo transferência de doentes para o privado.
"Estamos preparados para abranger eventuais novos concelhos com medidas mais restritivas para reduzir o número de contactos e ajudar o país a controlar este novo crescimento da transmissão" (Marta Temido)"Devemos preservar a capacidade de resposta dos nossos hospitais. Estamos preparados para reencaminhar os utentes que não tenham resposta no SNS para os setor privado e social", anunciou Marta Temido, frisando que “nenhum SNS é elástico" e deixando o aviso de que o cenário pode ser ainda pior, pois as projeções reveladas vão só até ao dia 4 de novembro.
"Aquilo que sabemos é que o que fizermos hoje terá impacto nos contágios que acontecerem amanhã e os contágios terão impacto nas hospitalizações no dia a seguir. Aquilo que o Governo decidiu foi adotar o Estado de Calamidade para poder agravar medidas, como fizemos na semana passada, relativamente a três concelhos. O cenário pode ser pior se continuarmos a ter uma progressão da transmissão da infeção", salientou a ministra, acrescentando que, se houver necessidade, o Ministério da Saúde fará a gestão entre regiões, como por exemplo, estender as "medidas mais restritivas", impostas a Paços de Ferreira, Lousada e Felgueiras, a outros concelhos.
"A situação de Portugal é complexa e grave"
Antes de terminar, a ministra Marta Temido reconheceu que "a situação de Portugal é complexa e grave" e apelou: "Nenhum investimento que o Governo possa fazer, ultrapassa a necessidade de cada um responder o melhor possível aquilo que está nas suas mãos" e reiterou a importância de que todos os cidadãos cumpram o "seu papel" com responsabilidade.
"Trata-se de responsabilidades partilhadas e o SNS pede ajuda de todos para fazer melhor o seu papel", concluiu.
Nos últimos 14 dias, Portugal registou uma taxa acumulada de 23 óbitos por um milhão de habitantes e a taxe de incidência no mesmo período foi 323 novos casos por cem mil habitantes, situando-se agora nos 187,4 novos casos por cem mil habitantes.
Portugal contabiliza hoje mais 27 mortos relacionados com a covid-19 e 2.447 novos casos confirmados de infeção, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS).
De acordo com o boletim hoje divulgado, Portugal já contabilizou 121.133 casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus e 2.343 óbitos.
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