Em declarações à agência Lusa a propósito das restrições que entrarão em vigor esta quarta-feira nos concelhos mais afetados pela pandemia, esse autarca social-democrata do distrito de Aveiro defendeu a necessidade de se continuar a assegurar não só o mercado das segundas-feiras no seu território, mas todos os outros que cumpram os devidos planos de contingência da Proteção Civil.
"O nosso mercado semanal, em específico, foi rigorosíssimo a cumprir as medidas sanitárias, com todos os comerciantes a usarem máscara, a disponibilizarem álcool gel, a assegurarem corredores de circulação largos, etc., portanto, é tremendamente injusto que eles agora estejam impedidos de trabalhar quando outros negócios muito menos cumpridores continuam a operar sem cuidado e sem fiscalização sequer", afirmou Joaquim Pinto Moreira.
O autarca questiona: "Esta gente vai viver do quê? O Governo está a arranjar maneira de eles passarem é fome! Se não morrerem da doença, vão morrer da cura".
Comparando o mercado ao ar livre que todas as segundas-feiras se realiza na sua cidade com "a rebaldaria a que se assiste nos supermercados e hipermercados, nos centros comerciais e na área de restauração desses 'shoppings', onde não há controlo nenhum das regras e ninguém faz fiscalização", o presidente da Câmara de Espinho realçou que "os feirantes não são cidadãos de segunda categoria".
Pinto Moreira justifica essa perspetiva afirmando que "não há nenhuma evidência de que algum foco de covid-19 tenha surgido numa feira ao ar livre" e argumentando também que sujeitar os respetivos comerciantes a nova paragem "é uma verdadeira discriminação" que prejudicará milhares de agregados familiares.
"O impacto desta proibição vai ser trágico para aquelas famílias em que pai, mãe e filhos trabalham no mesmo negócio e que, se antes faziam três ou mais feiras por semana, agora não podem ir a nenhuma", explicou.
Para o autarca, a decisão do Conselho de Ministros de sábado quanto às feiras e mercados tem "uma fundamentação técnica no mínimo questionável" e deixa "a sensação que uns são mais iguais do que outros, porque penaliza precisamente os setores de atividade mais vulneráveis e que menos recursos têm para se defender".
O novo coronavírus responsável pela presente pandemia de covid-19 foi detetado na China em dezembro de 2019 e já provocou a morte a mais de um 1,2 milhões de pessoas em todo o mundo, infetando mais de 46,4 milhões.
Em Portugal, onde os primeiros casos confirmados se registaram a 02 de março, o último balanço da Direção-Geral da Saúde indicava 2.544 óbitos entre 144.341 infeções confirmadas.
No caso específico de Espinho, o último boletim epidemiológico da autarquia indicava 261 casos ativos entre os seus cerca de 33.000 habitantes, que estão distribuídos por 21,4 quilómetros quadrados. Isso contribui para um total local acumulado de cinco óbitos e 403 casos de infeção por SARS-CoV-2 desde o início da pandemia.