Covid. "Antes de salvarmos restaurantes, temos de salvar os portugueses"
O pneumologista Filipe Froes alerta que ainda não estamos na fase crítica da pandemia e que é preciso "esmagar a curva" para evitar uma situação de rutura do Serviço Nacional de Saúde.
© Facebook / Filipe Froes
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Filipe Froes, coordenador do gabinete de crise da Ordem dos Médicos, afirmou esta terça-feira, em entrevista à SIC Notícias, que o país ainda não está a enfrentar a fase "crítica" da pandemia, cujo crescimento é agora exponencial.
"Não estamos na fase crítica. Isto vai continuar a subir. Estamos numa fase ascendente da segunda onda que não sabemos quando acaba, onde acaba e como acaba", alertou, sublinhando que "temos de começar a fazer um esforço enorme para tentar achatar a curva".
O pneumologista acredita que ainda "é possível" fazê-lo. "Quanto mais tarde adiarmos as medidas que temos que fazer mais tarde começaremos a achatar a curva", realçou.
Defendendo que a "prioridade" neste momento é a "coesão nacional na adoção das medidas que têm de ser coerentes, claras e uniformes para esmagar a curva", Filipe Froes salientou que os profissionais de saúde percebem os graves problemas económicos e que se tenham de salvar restaurantes e hóteis. "Mas antes de salvarmos restaurantes ou hotéis, temos de salvar os portugueses, porque sem portugueses, não há atividade", alertou, frisando que "estamos numa fase exponencial em que o fim ainda não se vê".
Sobre as mais recentes medidas anunciadas pelo Governo, Filipe Froes considera e insuficientes e tardias. "Devíamos estar a pensar em medidas para a possibilidade dos 10 mil casos diários e 100 óbitos por dia e, provavelmente, mais de 500 internamentos em cuidados intensivos. Isto é uma situação de quase rutura do Serviço Nacional de Saúde", afirmou.
O coordenador do gabinete de crise da Ordem dos Médicos criticou ainda a desvalorização da pandemia e que nos fez chegar ao ponto em que estamos. "Chegámos aqui porque desvalorizamos, provavelmente, a pandemia, não tirámos as devidas ilações da primeira onda e não tivemos capacidade de interpretar os sinais que foram aparecendo em agosto, setembro e sobretudo no início de outubro", disse. Sinais esses que, "para quem está no terreno, eram evidentes" e que indicavam que "devíamos estar atentos e antecipar em termos de preparação".
"Não tivemos capacidade de ler o que estava a acontecer, planeámos mal, não nos antecipamos, e agora estamos em plena segunda onda com uma diferença: o outono vai a meio e o inverno ainda não chegou", notou, recordando que a posição do gabinete de crise era para que se aproveitasse agosto - "o mês ideal" - para diminuir a atividade pandémica para aumentarmos a nossa reserva e atrasarmos o início da segunda onda. "A segunda onda só chegou mais cedo para quem estava que chegasse mais tarde", atirou.
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