Gonçalo Pereira Ribeiro Telles morreu hoje à tarde, na sua casa, em Lisboa, aos 98 anos.
"Respeitado humana, profissional e politicamente por amigos, colegas e adversários, e pelos portugueses em geral, Gonçalo Ribeiro Telles deixa um legado alcançado por poucos", lê-se numa nota do chefe de Estado publicada no portal da Presidência da República na Internet.
Marcelo Rebelo de Sousa refere que, enquanto "militante político e cívico", Gonçalo Ribeiro Telles "foi fundador do Centro Nacional de Cultura e integrou vários movimentos da oposição monárquica no antigo regime, tendo sido também um dos fundadores e o mais destacado dirigente do Partido Popular Monárquico (PPM)".
O Presidente da República acrescenta que Ribeiro Telles exerceu "diversos cargos governativos na área do ambiente, nomeadamente durante os governos provisórios em 1974 e 1975, mas principalmente nos da Aliança Democrática (AD), da qual foi fundador e deputado".
No seu entender, foi uma "figura determinante na consolidação e alternativa na democracia portuguesa".
"Como ambientalista com responsabilidades públicas, representou desde cedo, e durante décadas, uma consciência crítica esclarecida, contribuindo igualmente para importantes atos legislativos como a Lei de Bases do Ambiente ou a Lei do Impacto Ambiental, combates que prolongou na fundação de um partido ambientalista, o Movimento Partido da Terra (MTP)", considera.
"Pioneiro em Portugal das grandes questões que hoje, mais do que nunca, se mostram decisivas, homem de grande serenidade e de grandes convicções, é com emoção e saudade que me despeço de Gonçalo Ribeiro Telles, amigo de longa data, a cuja família envio sentidas condolências", escreve Marcelo Rebelo de Sousa.
Nesta nota, que tem como título "Presidente da República honra a memória de Gonçalo Ribeiro Telles", salienta-se o trabalho do arquiteto paisagista "durante anos ao serviço da Câmara Municipal de Lisboa" nos espaços públicos da capital e área metropolitana, "com destaque para o jardim da Fundação Gulbenkian", que desenhou em conjunto com António Viana Barreto.
O Governo decretou um dia de luto nacional, na quinta-feira, pela morte de Gonçalo Ribeiro Telles, que nasceu em Lisboa no dia 25 de maio de 1922.
Há cerca de seis meses, ao felicitá-lo pelo seu 98.º aniversário, Marcelo Rebelo de Sousa apontou-o como uma "das pessoas mais admiráveis" que conhecia e elogiou-o pela "dedicação corajosa e indomável à proteção do planeta" e pelo "espírito visionário", lamentando que "os seus avisos sábios" não tenham sido atempadamente escutados.
"Os seus 98 anos, feitos hoje, são um exemplo de vida no qual todos deveríamos refletir e meditar. Pela rara coerência de princípios e valores, entre os quais avulta o amor profundo ao seu país e aos seus concidadãos", escreveu o chefe de Estado, na altura, numa nota publicada no portal da Presidência da República na Internet.
Quando Ribeiro Telles completou 95 anos, em 25 de maio de 2017, o Presidente da República anunciou a decisão de o condecorar com a grã-cruz da Ordem do Infante D. Henrique e considerou que Portugal tinha "uma dívida de gratidão" para ele.
Ribeiro Telles já tinha recebido o título de oficial da Ordem de Sant'Iago da Espada, em 1969, a grã-cruz da Ordem de Cristo, em 1988, e a grã-cruz da Ordem da Liberdade, em 1990.