Em declarações à agência Lusa, e reagindo à morte do arquiteto paisagista, Álvaro Sizadisse que Ribeiro Telles é uma "grande figura", e marcou "profundamente" o mundo da arquitetura paisagista em Portugal.
Gonçalo Ribeiro Telles, figura pioneira na arquitetura paisagista em Portugal, cuja carreira também se destacou na cidadania, ecologia e na política, morreu hoje à tarde, em casa, em Lisboa, rodeado por familiares.
"Teve um enorme papel no planeamento do território, além da realização dos jardins", sublinhou Álvaro Siza.
Nascido em 25 de maio de 1922, em Lisboa, Gonçalo Ribeiro Telles foi um dos principais responsáveis pelo desenho das áreas verdes de Lisboa, de Monsanto às zonas ribeirinhas, oriental e ocidental, do Vale de Alcântara, ao Jardim Amália, no Parque Eduardo VII, sem esquecer o Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian, que fez em parceria com Viana Barreto, pelo qual recebeu o Prémio Valmor, em 1975.
Promoveu também projetos noutras zonas do país, como o Vale das Abadias, na Figueira da Foz.
Formou-se em Agronomia e Arquitetura Paisagista, em 1950, no Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa, e, ao longo da sua vida, desempenhou diversos cargos políticos, assim como participou na fundação de instituições referenciais no panorama da cultura nacional.
Foi professor catedrático convidado da Universidade de Évora, criando as licenciaturas em Arquitetura Paisagista e em Engenharia Biofísica, e destacou-se na intervenção pública contra o regime salazarista, nas sessões do Centro Nacional de Cultura, em Lisboa.
Ainda na política, fundou, em 1957, com Francisco Sousa Tavares, o Movimento dos Monárquicos Independentes e, depois, o Movimento dos Monárquicos Populares, apoiando, um ano mais tarde, a candidatura presidencial de Humberto Delgado.
Em 1969, foi candidato à Assembleia Nacional nas listas da Comissão Eleitoral de Unidade Democrática (CEUD), a que estava associado Mário Soares, com a Acção Socialista Portuguesa.
Em 1971, ajudou a fundar o movimento Convergência Monárquica e, após o 25 de Abril, foi um dos fundadores do Partido Popular Monárquico, a cujo diretório presidiu, e que, em 1979, fez parte da Aliança Democrática, liderada por Francisco Sá Carneiro.
Foi subsecretário de Estado do Ambiente nos I, II e III Governos Provisórios, e secretário de Estado do Ambiente no I Governo Constitucional, foi deputado na Assembleia da República, pelo PPM (1979) e como independente eleito nas listas do PS (1985).
Foi ministro de Estado e da Qualidade de Vida, no VIII Governo Constitucional, de 1981 a 1983.
Como deputado na Assembleia da Republica lutou pelo estabelecimento da Lei de Bases do Ambiente, da Lei da Regionalização, da Lei Condicionante da Plantação de Eucaliptos, da Lei dos Baldios, da Lei da Caça e da Lei do Impacte Ambiental.
Em 2013, Gonçalo Ribeiro Telles foi distinguido com o 'Nobel' da Arquitetura Paisagista, o Prémio Sir Geoffrey Jellicoe, que lhe seria atribuído em Auckland, na Nova Zelândia, pelos profissionais do setor, reunidos na Federação Internacional dos Arquitetos
Gostava de falar dos frescos de Lorenzetti, no Palácio Comunal de Siena, do século XIII, como exemplos de "Bom Governo" e "Mau Governo", na gestão e ordenamento das cidades.
No primeiro caso, sublinhava a imagem de uma cidade de portas abertas, numa comunicação entre o campo organizado e a urbe, com gente a entrar e a sair.
No segundo caso, a mesma cidade mas com as portas encerradas, como num grande condomínio fechado, dominado pelo tirano, rodeado pelas representações da crueldade, da traição, da maldade, da vã glória e da soberba.
O Governo decidiu hoje decretar um dia de luto nacional, na quinta-feira, pela morte do arquiteto paisagista e fundador do PPM (Partido Popular Monárquico), Gonçalo Ribeiro Telles, disse à agência Lusa fonte oficial do executivo.