Na habitual conferência de imprensa sobre a evolução da pandemia, Graça Freitas revelou que a incidência cumulativa de casos por 100 mil habitantes a 14 dias coloca Portugal em 10.º lugar no cenário europeu.
"Todos os indicadores refletem uma atividade epidemiológica intensa", indicou a diretora-geral da Saúde, acrescentando que estes dados levaram as autoridades de saúde a adotar o sistema BI SINAVE, que entra hoje em funcionamento.
Trata-se de uma plataforma onde trabalham, em conjunto, equipas da DGS e dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde e que "constitui um melhoramento do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SINAVE), a pensar no futuro".
De acordo com a diretora-geral da Saúde, em "todos os países estes sistemas estão sujeitos a uma enorme pressão". Portugal não é alheio a essa realidade e o SIVAVE "conta já com mais de três milhões de notificações até à data".
Por sua vez, o novo sistema que entra hoje em vigor, o "BI SINAVE, é mais avançado e robusto para o tratamento de dados e visionamento da informação relevante".
A implementação deste sistema permitiu "identificar desde o início da pandemia 225.672 casos. Destes, 1,9%, ou seja 4.375 casos, foram completados e incluídos no novo sistema. Estes casos já estavam na base de dados, não tem sido possível incluí-los no boletim por informação incompleta. De referir que estes casos, na maioria respeitantes ao início da pandemia, foram do conhecimento local e tiveram o devido acompanhamento", assegurou a responsável.
A Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas, anunciou esta segunda-feira a entrada em vigor do BI SINAVE, “um sistema mais avançado e robusto para o tratamento dos dados e o visionamento da informação relevante, para efeitos de intervenção na pandemia COVID-19”.
— DGS (@DGSaude) November 16, 2020
Em relação às novas medidas de controlo da pandemia, que incluem o recolher obrigatório, Graça Freitas considera que, no que aos primeiros dias diz respeito, "tudo correu como seria expectável. Fomos capazes de interiorizar medidas relativamente simples".
Foram entregues mais de dez mil telemóveis às ARS
O presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), Luís Goes Pinheiro, marcou igualmente presença na conferência de imprensa desta segunda-feira e detalhou que, até à data, já foram entregues 10.248 telemóveis às Administrações Regionais de Saúde (ARS).
Este é um processo que, no entendimento do responsável, "tem corrido a bom ritmo. A expectativa é que os 30 mil [telemóveis] sejam entregues às ARS nas próximas semanas. Os telemóveis têm sido entregues de acordo com o grau de necessidade de manutenção de contacto com os utentes", explicou.
Vacina à vista?
Depois de a Moderna ter anunciado uma eficácia de mais de 94% da vacina, Graça Freitas destacou que, "quantas mais vacinas existirem no mercado, sejam elas seguras, eficazes e de qualidade, melhor será, maior oferta teremos e maior capacidade teremos de países ricos ou pobres comprarem".
Em relação aos ensaios clínicos que têm sido realizados, para a responsável o que importa é que estes "venham a dar bons frutos, que a eficácia se venha a repercutir em efetividade, e que elas [as vacinas] de facto façam efeito e que essa efetividade tenha duração longa".
Graça Freitas destacou, porém, que nesta "fase prematura dos ensaios, temos de estar atentos" porque há "muitas incógnitas", nomeadamente quanto ao "comportamento da vacina em relação a grupos de pessoas". Outras dúvidas dizem respeito à "duração da imunidade" e se a vacina era proteger "apenas o vacinado ou [se irá evitar também] que ele consiga albergar o vírus e transmiti-lo".
Questionada quanto ao critério que Portugal irá adotar para selecionar a vacina contra a Covid-19, vincou Graça Freitas que "garantidamente não vai ser o preço que vai decidir a que vamos utilizar".
Explicou ainda a diretora-geral que o país está "em variadíssimos mecanismos europeus para a aquisição de vacinas" e o "primeiro-ministro já anunciou que a vacinação em Portugal seria universal". Com efeito, "será administrada gratuitamente a todas as pessoas que tenham indicação para o fazer".
"Tudo faz apontar para que exista transmissão comunitária"
André Peralta Santos, diretor de Serviços de Informação e Análise da Direção-Geral da Saúde, destacou que, "com os níveis de infeção que Portugal regista e a multiplicidade de contextos em que acontece a transmissão, tudo faz apontar para que exista transmissão comunitária".
Atentando à realidade nacional, "nos municípios há uma heterogeneidade nas incidências dos concelhos. Isso acontece em Portugal e em vários países da Europa e é fruto da dinâmica da epidemia".
O Norte, de facto, "tem uma incidência mais alta, nomeadamente em alguns concelhos como Paços de Ferreira, Lousada e Felgueiras, mas há outros municípios com incidências bastante altas. É esperado que as medidas implementadas possam mudar a dinâmica de transmissão e daqui a alguns dias/semanas possamos ter uma inversão da incidência".
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