O investigador Manuel do Carmo Gomes, da Faculdade de Ciências de Lisboa, afirmou que há "uma tendência a nível nacional" de descida do índice R, que determina quantas outras uma pessoa infetada pode contagiar.
Atualmente, o R estará em 1,11 e nos modelos de evolução apresentados no Infarmed, deverá estar em 1 no fim de novembro e princípio de dezembro, referiu Carmo Gomes, considerando que não se pode "baixar a guarda, porque à primeira oportunidade, o R volta a subir".
Defendeu que é preciso "descer o R significativamente para um nível gerível em termos de entradas hospitalares", porque se projeta que na transição de novembro para dezembro o número médio de novos casos por dia atinja os 7.000.
A questão, apontou, é que mesmo que se consiga uma redução do R para 1, a incidência de novos casos por dia pode manter-se em vários milhares, entrando-se "num planalto do qual não é fácil sair" e que se continuará a refletir em mais casos internados e mais mortes.
Por isso, de acordo com os modelos que apresentou, é preciso "manter o R abaixo de 1 continuamente".
Se se mantiver, poderá haver uma média superior a 3.000 novos casos por dia até meados de janeiro, referiu.
De acordo com Baltazar Nunes, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, o R nacional está "a crescer há 88 dias", verificando-se uma média diária de 6.488 novos casos (calculada com os números efetivos a sete dias), que é "seis vezes superior" ao que se verificou na primeira onda de março/abril.
Esta incidência tem tido "uma tendência positiva nas últimas semanas", indicou, referindo que o tempo que demora a duplicar o número de novos casos diários tem vindo a aumentar.
"Continuam a crescer [os novos casos por dia] mas com um crescimento menos acentuado desde o meio de outubro", declarou.
De acordo com os modelos trazidos à reunião por Baltazar Nunes, "só com uma redução dos contactos na comunidade superior a 60 por cento e uma elevada cobertura do uso de máscara é possível trazer o R para baixo de 1" e mantê-lo aí "por várias semanas".
Para calcular o fator R, entram em consideração a duração do período que uma pessoa infetada está entre a população, o número de contactos que mantem, a probabilidade de transmissão após o contacto e a suscetibilidade à infeção.
Baltazar Nunes salientou que os países europeus que conseguiram baixar o índice de transmissibilidade são os que aplicaram "medidas mais restritivas e apresentam níveis de mobilidade mais baixos".
Portugal está com "níveis de mobilidade mais elevados que estes países", notou.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro-ministro, António Costa, o presidente do parlamento, Ferro Rodrigues, e dirigentes dos partidos com assento parlamentar assistem à reunião no Infarmed.