Suspensão de férias a profissionais de saúde no CHMT é "contraproducente"

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) criticou hoje a suspensão de férias decretada aos profissionais do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT), afirmando que a medida é "extemporânea" e "contraproducente", além de "contribuir para o aumento do absentismo".

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Lusa
19/11/2020 17:29 ‧ 19/11/2020 por Lusa

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Covid-19

Em declarações à agência Lusa, a coordenadora do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) do Distrito de Santarém, Helena Jorge, disse "compreender quando as férias são suspensas em hospitais onde a pressão é muito grande", tendo feito notar, no entanto, que "essa é uma medida para cada hospital equacionar em termos da sua realidade" e que o Médio Tejo (CHMT) "ainda não tem uma realidade que tenha de suspender as férias dos profissionais" de saúde.

"É uma medida contraproducente, principalmente porque os profissionais, alguns, se não tiverem férias, vão ficar exaustos e o absentismo vai aumentar imenso", disse a dirigente sindical, enfermeira no Hospital de Santarém.

Para a sindicalista, no CHMT, que abarca as unidades hospitalares de Abrantes, Tomar, e Torres Novas, no distrito de Santarém, "ainda é cedo" para tomar uma medida que afirmou ser "extemporânea".

O Conselho de Administração (CA) do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT) suspendeu na quarta-feira, e até 31 de janeiro, as férias aos seus cerca de dois mil profissionais.

Em comunicado, o CA do CHMT, afirma ser "absolutamente indispensável e essencial, no particular momento em que nos encontramos, proceder à adoção de uma medida de caráter excecional e temporária de suspensão do gozo de férias", medida tomada "no âmbito da situação atual de Estado de Emergência e em virtude dos condicionalismos hospitalares e de saúde pública".

Para Helena Jorge, esta medida "vai contribuir para a exaustão muito rápida dos profissionais" que, "estando extremamente cansados, não dão rendimento, acabam por entrar em 'burnout' e têm de sair dos cuidados na mesma".

A dirigente sindical frisou ainda que a decisão atinge toda a gente por igual, inclusive "quem não teve férias ainda este ano, nem no verão nem nada, e esteve a aguentar o barco até agora".

Na quarta-feira, a ministra da Saúde admitiu que os profissionais de saúde deverão ter de alterar os seus planos de férias previstos para o Natal e Ano Novo devido à evolução da pandemia de covid-19.

"Muito provavelmente terá de haver, em função da situação epidemiológica que vivemos, alteração de planos de férias de 2020, como já houve no início do ano", disse Marta Temido, durante a conferência de imprensa de balanço da epidemia de covid-19.

A ministra admitiu que esta é "uma decisão difícil" porque "é um esforço adicional que se pede aos profissionais de saúde" assim como se poderá ter de pedir a profissionais de outras áreas.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.350.275 mortos resultantes de mais de 56,2 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 3.701 pessoas dos 243.009 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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