Em declarações à agência Lusa, o responsável pelo programa de testes da ARS-Norte, Álvaro Pereira, contou que na quarta-feira "foi ultrapassada a barreira dos 100 mil testes PCR [moleculares] e que a aposta na testagem e despistagem será cada vez mais incrementada" na região, referindo-se à testagem quer nas Áreas dedicadas a Doença Respiratória (ADR) dos centros de saúde, quer para fazer face a surtos em lares ou suspeitas em escolas.
Dos 100.180 testes realizados desde abril, 16.668 revelaram resultado positivo ao novo coronavírus.
Na prática, em causa estão os testes que os utentes de centros de saúde fazem por indicação do seu médico de família quando se deslocam às ADR e apresentam sintomas compatíveis com covid-19.
Feitos "na hora" por profissionais dos centros de saúde e enviados para os laboratórios da academia -- faculdades, universidades, institutos e politécnicos que aderiram ao protocolo --, estes testes são gratuitos e o resultado é disponibilizado à ARS-Norte "no máximo em 24 horas".
"O projeto começou com um laboratório e um centro de saúde e foi crescendo. À data de hoje é possível realizar teste [molecular ou PCR] nas ADR de 19 dos 21 Agrupamentos de Centros de Saúde (ACeS) da região. As exceções acontecem por questões logísticas e não por discriminação negativa", descreveu Álvaro Pereira, que é também assessor do presidente do conselho diretivo da ARS-Norte.
Além das vantagens de uma recolha de amostra "na hora e sem marcação prévia" e do "controlo que este programa permite à ARS-Norte", o médico de família também destacou o "espírito de missão dos laboratórios da academia, tradicionalmente ligados à área da investigação, que se converteram para dar ajudar".
Aderiram a este protocolo a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, o Instituto Politécnico do Porto e o i3S - Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, bem como o Instituto Politécnico de Viana do Castelo, a Universidade do Minho, a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e o Instituto Politécnico de Bragança.
De acordo com Álvaro Pereira, o programa funciona numa lógica de rede e a estratégia permite, ao "encurtar o tempo de recolha/resultado" e ao estarem envolvidos profissionais de saúde de proximidade, evitar fuga ao desejável isolamento da pessoa que aguarda um resultado.
"As pessoas, mesmo quando não têm a confirmação de que estão positivas, mas apresentam sintomas, devem-se isolar até ter o resultado. Sabemos que infelizmente nem sempre é assim. Assim conseguimos um maior controlo", descreveu o médico.
Paralelamente, a ARS-Norte está a apostar na realização de testes rápidos de antigénio quando os sintomas compatíveis com covid-19 aparentam ter tido início há cinco dias, e utilizará o mesmo circuito dos testes PCR protocolados com a academia.
"Se for positivo, está feito o diagnóstico. Se é negativo, uma vez que havia suspeita covid-19, manda a norma e a boa prática repetir [com teste molecular]. A colheita é feita na hora e o utente aguarda em casa o resultado. A vantagem dos testes rápidos é que apanhamos uma percentagem significativa de positivos na hora e encurtamos em 24 horas o diagnóstico", disse.
Na terça-feira, a ARS-Norte revelou que recebeu 13.600 testes rápidos provenientes da Reserva Estratégica Nacional e utilizou 132 "na primeira semana" em lares e ADR, tendo registado 55 resultados positivos à covid-19, o que corresponde a uma percentagem de positivos de 41,67%.
No mesmo dia, em resposta escrita enviada à agência Lusa, a ARS-N disse "prever nesta semana aumentar de forma significativa os testes [rápidos] realizados".
"Neste momento efetuamos em três ADR -- Porto Ocidental, Vale do Sousa Norte e Barcelos/Esposende -- e na próxima semana vamos alargar à totalidade dos ACeS", adiantou hoje Álvaro Pereira.
A dificuldade em alargar de imediato a todas as ADR está na necessidade de garantir que os espaços têm condições logísticas e circuitos.
"Um teste rápido implica um período de 15/30 minutos de espera [pelo resultado]. Logo é necessária uma sala de espera secundária. Estamos a falar de situações altamente contagiosas", salientou o médico.
Em Portugal, as amostras de testes covid-19 são processadas em três locais distintos: laboratórios hospitalares, laboratórios convencionados e em laboratórios da academia.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,3 milhões de mortos no mundo desde dezembro do ano passado, incluindo 3.701 em Portugal.