O estudo foi apresentado por Henrique de Barros, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, durante uma reunião de peritos, na sede do Infarmed em Lisboa, para debater a situação epidemiológica de Portugal.
O estudo foi realizado na região de Lisboa e Vale do Tejo e envolveu 782 pessoas infetadas com o SARS-Cov-2, o coronavírus que provoca a doença covid-19, e a recolha de informação ocorreu entre 02 de outubro e 06 de novembro.
O estudo refere que quase metade dos infetados (47,6%) tinham frequência do Ensino Superior e uma grande maioria disse que ia ao ginásio pelo menos uma vez por semana (96,5%).
"Perguntamos a exposição nos últimos 14 dias no caso dos controles [pessoas que não desenvolvem a infeção] e os 14 dias que precederam o diagnóstico, quando estávamos a interrogar os casos de pessoas com a infeção, perguntamos as vezes em que estiveram em ginásios, em centros comerciais, estruturas de restauração", referiu Henrique de Barros.
Os participantes no estudo foram ainda questionados sobre se utilizaram transportes coletivos, se estavam em teletrabalho ou exerciam a sua profissão no local de trabalho.
"Há diferenças evidentes na frequência destas exposições entre os controles, digamos na generalidade da população, e as pessoas que tinham desenvolvido a infeção e a frequência de ginásio era mais alta nos que desenvolverem a infeção", salientou o epidemiologista.
Já a frequência de centros comerciais e a restauração era mais alta nas pessoas que não desenvolveram a infeção.
"A utilização de pelo menos uma vez nos últimos 14 dias de transporte coletivo era mais alta nas pessoas que se apresentaram como casos de infeção e o teletrabalho era muito mais alto entre os controlos que não tinham infeção", salientou.
Com os valores ajustados para o sexo, idade, nacionalidade e grau de instrução ou escolaridade, os ginásios permanecem como contexto mais frequente entre quem apresenta infeção, adiantou.
"Estar exposto a centros comerciais e a restauração é mais frequente entre aqueles que não desenvolveram a infeção", referiu Henrique de Barros, que adiantou que "o teletrabalho é claramente e muito significativamente mais frequente entre as pessoas que não desenvolveram a infeção".
O estudo identificou ainda que as pessoas que trabalham em assistência a idosos e os profissionais de saúde têm claramente o risco aumentado de infeção.
"Nestas estimativas são as duas profissões que permanecem claramente em maior risco e, portanto, exigem maior atenção e, pelo contrário, os estudantes do ensino superior têm até um risco diminuído, bem como os reformados quando comparados com pessoas ativamente a trabalhar", salientou.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,3 milhões de mortos no mundo desde dezembro do ano passado, incluindo 3.701 em Portugal.