Após uma luta contra o tempo de cientistas em todo o mundo, as primeiras vacinas contra a Covid-19 estão quase a chegar e, esta quinta-feira, a partir das 15h30, o país ficará a conhecer o plano delineado pelo Governo. O primeiro-ministro António Costa e a ministra da Saúde, Marta Temido, vai explicar aos portugueses o que está a ser preparado. Para já, sabe-se que a vacina poderá chegar já em janeiro e que será "gratuita, facultativa e administrada no Serviço Nacional de Saúde (SNS)".
Questionada sobre a hipótese de a vacina ser administrada nos centros de saúde ou em grandes centros de vacinação menos descentralizados, a ministra da Saúde adiantou, ontem, apenas que seria através do SNS, apontando dois cenários possíveis.
"Um primeiro momento em que haverá um contexto de maior escassez no acesso a vacinas e, portanto, também à semelhança daquilo que outros países têm estado a planear será um cenário mais controlado, mas depois admitimos que ao longo do ano de 2021 passemos para um cenário de maior abrangência com mais doses disponíveis e também maior expansão dos pontos de administração", explicou.
A governante assegurou também que o processo de vacinação "vai ser longo" e que os portugueses não se poderão "afastar das regras" a que se têm habituado em tempo de pandemia.
De lembrar que a imprensa nacional nas bancas esta quinta-feira avança que grávidas e crianças deverão ficar (para já) de fora do programa de vacinação contra a Covid-19. Os grupos de risco - que deverão ter prioridade na toma da vacina - é outra das questões que ainda não tem resposta. Como irá decorrer a vacinação também é ainda uma dúvida 'em cima da mesa'.
Portugal estima gastar 200 milhões na vacina para a Covid-19
O Governo português estima que "o montante global associado às vacinas para o nosso país deverá atingir os 200 milhões de euros e ultrapassar os 22 milhões de doses", anunciou, ao final desta quarta-feira, a ministra da Saúde.
Apesar de admitir que as primeiras vacinas possam estar disponíveis nas primeiras semanas de 2021, caso a candidata da Pfizer/BioNTech seja já aprovada pela Agência Europeia do Medicamento (EMA) na reunião agendada para 29 de dezembro, a ministra ressalvou que essa disponibilização depende de vários fatores.
"Qualquer um dos países da União Europeia só terá vacinas se a indústria farmacêutica as disponibilizar, se a EMA lhes der um parecer favorável - porque acima de tudo estão questões de segurança, de efetividade e de qualidade - e de acordo com aquilo que seja a chegada que as próprias companhias farmacêuticas fazem acontecer a cada um dos países dos seus produtos", descreveu.
Quem não está satisfeito com o processo é a Associação Protetora dos Diabéticos (APDP), que lamentou que as organizações da sociedade civil não tivessem sido ouvidas sobre o plano de vacinação contra a Covid-19 e defendeu que devem ser consultadas em "todos os momentos" da estratégia.
Recorde-se que Portugal somou, nas últimas 24 horas, mais 68 mortes relacionadas com a Covid-19 e 3.384 infetados com o novo coronavírus, indica o boletim da Direção-Geral da Saúde divulgado esta quarta-feira. Comparativamente aos dados de terça-feira, trata-se de um aumento de 1,49% em relação às mortes e de 1,13% no que toca aos novos casos.