Em comunicado, a propósito da subida de oito lugares de Portugal em relação a 2019 no Índice de Desempenho das Alterações Climáticas divulgado hoje, a Quercus considerou a subida positiva, mas chama a atenção para o que ainda precisa ser feito.
O Índice de Desempenho em Alterações Climáticas 2021 ("Climate Change Performance Índex", CCPI na sigla original) é uma análise comparada da proteção do clima em 57 países (mais a União Europeia), que representam 90% das emissões globais de gases com efeito de estufa, e é da responsabilidade de duas organizações internacionais, "Germanwatch" e "NewClimate Institute".
Na lista (que deixa vazios os três primeiros lugares), liderada pela Suécia, seguida pelo Reino Unido e pela Dinamarca, o bloco União Europeia passou de 22.º lugar no ano passado para 16.º este ano, e Portugal está no 17.º lugar (que é de facto o 14.º por não terem sido atribuídos os três primeiros lugares).
Há dois anos, Portugal ocupou a mesma posição, mas no ano passado tinha subido, em parte pela seca, produção de eletricidade em centrais térmicas e incêndios, em 2017.
Hoje, em comunicado, a Quercus refere a "política climática continua a ser o ponto forte" de Portugal, "enquanto do lado negativo pesam as emissões de gases com efeito de estufa (GEE) ainda acima dos objetivos e o elevado consumo de energia".
De acordo com a Quercus, o relatório hoje publicado ilustra um cenário diversificado no que diz respeito à ação climática dos países europeus.
"Enquanto os países escandinavos, Portugal e a UE como um todo surgem bem classificados e com bons indicadores, três países - Hungria, Polónia e República Checa - destacam-se negativamente pelo seu "muito baixo" desempenhado", salienta a Quercus.
A associação observa que "o desempenho relativo à política climática de Portugal é amplamente notado e continua com um nível "elevado" (ocupa o 6.º lugar), mas nas outras categorias, a nota atribuída fica pelo "médio", tendo-se registado poucas alterações relativamente ao ano anterior, das quais se destaca ainda assim a redução das emissões de GEE".
A Quercus considera que "o Governo português mantém o empenho de tornar Portugal neutro em carbono até 2050 e as diretrizes e metas dos diversos planos nacionais apresentados à EU, mas sublinha que a implementação efetiva das medidas e os incentivos continuam a ser escassos, nomeadamente no setor residencial e no público.
"A recuperação económica e social que a presente crise exige constitui uma oportunidade de criar condições de resiliência e adaptabilidade futura às alterações climáticas, desde que seja corretamente orientada, monitorizada e sempre que possível com a participação ativa dos cidadãos", é referido.
A Quercus considera ainda que com a presidência do Conselho da UE no início de 2021, e com as suas habilidades diplomáticas, Portugal pode fortalecer o seu papel de impulsionador da neutralidade de carbono.
O Índice, publicado anualmente desde 2005, avalia as emissões de gases com efeito de estufa, a energia renovável, o uso de energia e a política climática, e tem por base as estatísticas mais recentes da Agência Internacional de Energia, relativas a 2018 (último ano disponível) e uma avaliação de peritos.
Pretende pressionar política e socialmente os países que até agora não tomaram medidas ambiciosas de proteção climática.