"Queremos fazer parte da resolução [dos problemas dos professores], mas, para isso, temos que reunir-nos com o ministro da Educação. Mas há uma postura anti-negocial que nós consideramos anti-democrática", disse a vice-presidente do SPZS aos jornalistas, em Faro.
Ana Simões falava à porta da Escola Básica 2, 3 Neves Júnior, em Faro, onde depois das 09:00 ainda havia um grupo de crianças no recreio, levando o sindicato a assumir "que não há muitas aulas", embora sem conseguir quantificar o número de professores em greve.
Os professores e educadores de infância realizam hoje uma greve nacional para reivindicar diversas medidas, tais como poderem aposentar-se mais cedo ou recuperarem os anos de serviço congelado.
Para Ana Simões, os problemas dos professores, que já existiam antes da pandemia de covid-19 mas que o atual contexto sanitário agravou, estão também a afetar "as condições de aprendizagem nas escolas, com consequências para os alunos".
Os motivos da greve são antigos e prendem-se essencialmente com medidas de valorização social e material da profissão de educadores de infância e docentes do ensino básico e secundário.
"Desde o início da pandemia que quisemos traçar um plano que permitisse que os alunos não ficassem prejudicados, mas o ministro da Educação também não quis saber dessas propostas e desde março que não recebe a Fenprof", lamentou.
Há quase 150 mil docentes desde o pré-escolar até ao ensino secundário e são estes profissionais que estão abrangidos pelo protesto convocado pela Federação Nacional dos Professores (Fenprof).
Em declarações à Lusa, o pai de um aluno do 6.º ano disse compreender que os professores "queiram pressionar" o Governo, mas considerou que estão a "desresponsabilizar-se" das suas funções, já que há muitos outros setores com problemas.
Através da greve às aulas presenciais e ao ensino à distância, os docentes reivindicam a alteração dos atuais requisitos da aposentação e querem que seja aprovado um regime de pré-reforma.
Segundo um inquérito divulgado esta semana pela Fenprof no qual participaram mais de cinco mil educadores e docentes, quase 90% dos professores gostariam de se aposentar mais cedo e estão dispostos a aderir a um regime de pré-reforma.
Por causa da pandemia de covid-19, os professores estão também preocupados com a segurança sanitária nas escolas, principalmente por continuarem sem se fazer testes e por existirem estabelecimentos onde não se consegue manter o distanciamento físico de dois metros recomendado pela Direção-Geral da Saúde (DGS).