A engenheira de materiais e investigadora Elvira Fortunato, "mãe" do transístor de papel, foi distinguida em 23 de setembro pela Comissão Europeia com o Prémio Impacto Horizonte 2020, pela criação do primeiro ecrã transparente com materiais ecossustentáveis.
Hoje, em sessão plenária, o parlamento aprovou este voto de saudação por unanimidade, apresentado pela Comissão de Educação, Ciência, Juventude e Desporto, assinalando que Elvira Fortunato "é uma das cientistas portuguesas mais prestigiadas e mais premiadas do país", sendo também "um exemplo de cidadania".
"Tem sido fundamental no desenvolvimento de Centro de Investigação de Materiais (CENIMAT), na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, tendo a sua intervenção sido decisiva para o transformar num centro de investigação de referência internacional, recentemente avaliado por peritos internacionais na área da Ciência e Engenharias dos Materiais, com a classificação de 'Excelente'", enaltece o mesmo texto.
O prémio atribuído este ano pela Comissão Europeia, pela criação do primeiro ecrã transparente com materiais ecossustentáveis, "juntou-se a inúmeros prémios e reconhecimento que foi recebendo ao longo da sua carreira".
"Foi pioneira na eletrónica de papel onde desenvolveu, junto com a sua equipa, células celulares de papel, memórias, baterias, écrans, transístores, entre outros produtos que estão a ser estudados com vista a serem otimizados pelas empresas no sentido de se produzirem embalagens inteligentes com sensores que providenciem informações sobre o estado de conservação dos produtos", refere o mesmo texto.
O parlamento saúda assim a cientista "pela atribuição do Horizon Impact Award 2020, felicitando-a pelos êxitos alcançados e pela notoriedade para Portugal deles decorrentes, bem como por se assumir como referência para a participação das mulheres no panorama científico nacional".
O prémio, no valor de 10 mil euros, distingue projetos científicos financiados por fundos europeus e cujos "resultados tiveram impacto na sociedade", disse então à Lusa a investigadora.
Elvira Fortunato foi a única portuguesa premiada, entre outros cientistas distinguidos de uma lista de 10 finalistas.
O projeto "Invisible" (Invisível), com o qual a investigadora portuguesa foi premiada, consistiu no desenvolvimento do primeiro ecrã transparente a partir de um material semicondutor de baixo custo, não degradável e que produz melhores resultados, o óxido de zinco, que entra na composição de pomadas para bebés ou protetores solares.
A tecnologia, patenteada pela diretora do Cenimat e pela "gigante" eletrónica Samsung, é aplicável a telemóveis, televisores, computadores ou 'tablets', permitindo obter imagens de maior resolução.
O "Invisible" foi financiado em 2,25 milhões de euros pelo Conselho Europeu de Investigação, agência da Comissão Europeia que apoia a investigação científica, nomeadamente através de bolsas.
O projeto foi desenvolvido durante cinco anos, entre 2009 e 2014.
O Prémio Impacto Horizonte destina-se a cientistas que lideraram projetos financiados pelo 7.º Programa-Quadro (2007-2014) e pelo Programa Horizonte 2020 (2014-2020).