Os professores e educadores de infância realizaram esta sexta-feira uma greve nacional para reivindicar diversas medidas, tais como poderem aposentar-se mais cedo ou recuperarem os anos de serviço congelado.
Em jeito de balanço da greve, a Federação Nacional de Professores (Fenprof) afirma que o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, de impor "um embargo à resolução dos problemas que afetam os professores e as escolas, os quais se repercutem nas aprendizagens dos alunos, prejudicando-as".
"Com o embargo que impôs à resolução dos problemas", acusa a Fenprof, Tiago Brandão Rodrigues "é o primeiro responsável pelo seu agravamento, pelas dificuldades sentidas pelos professores e pelas escolas, pela quebra de condições propiciadoras das boas aprendizagens dos alunos". Assim, o sindicato defende que "romper o bloqueio ao diálogo e à negociação será determinante para que se comecem a encontrar as soluções necessárias".
Na nota enviada às redações, a a Federação Nacional de Professores sublinha que a greve hoje realizada foi "uma resposta à situação que se está a viver" que "coloca na primeira linha da agenda política este embargo e este bloqueio que se tornaram ainda mais cerrados na atual legislatura".
Tratou-se de uma greve realizada "em condições muito difíceis de preparação", uma vez que, pela primeira vez, toda ela decorreu por via digital e se concretiza num contexto que coloca óbvias dificuldades à participação na luta".
Em todo o caso, "erro seria o silêncio e a acomodação face ao embargo decretado e ao bloqueio imposto pelo ministro da Educação, como confirmam as muitas as escolas e jardins de infância encerrados e os milhares os professores em greve", realça o sindicato.
Com vista a "romper esta situação de bloqueio" e "construir soluções para os problemas", a Fenprof garante que não "desistirá de insistir junto dos governantes, em particular o primeiro-ministro e o ministro da Educação" e adianta que dirigir-se-á, de novo, à Assembleia da República, através de uma petição que será divulgada nas escolas a partir do início do 2.º período.
Para além dessa ação já decidida, o Secretariado Nacional da Fenprof vai reunir nos próximos dias 16 e 17 de dezembro. Uma reunião que será "a oportunidade para colocar em cima da mesa e propor aos professores a continuação da luta, caso o Governo, em particular o ministro da Educação, opte por manter este quadro de bloqueio que impede que os problemas se resolvam", remata.
Entre os problemas antigos que se agravam, está "o envelhecimento dos professores, o seu desgaste, resultado de horários e condições de trabalho inadequados e, até, ilegais ou as injustiças que se refletem numa carreira que continua a ser pervertida", queixa-se a estrutura sindical.
Quanto aos problemas mais recentes e que, "esta ano, se anteciparam e ganharam uma particular expressão" estão questões como a falta de professores e de assistentes operacionais nas escolas, aponta o sindicato liderado por Mário Nogueira.
A Fenprof queixa-se ainda de problemas novos, "principalmente relacionados com a situação epidemiológica que se vive e que estão na origem da preocupação sentida pelos professores", designadamente "a falta de distanciamento, dificuldade para garantir a limpeza e desinfeção indispensáveis, não realização de rastreios mesmo quando existem casos confirmados de infeção", entre outros.
Na mesma linha das críticas da Fenprof, o Sindicato de Professores da Grande Lisboa (SPGL) acusou o Ministério da Educação de impor um bloqueio negocial "inédito em democracia".
"Acho que isto é inédito em democracia, um ministro que se recusa a falar com as organizações mais representativas dos professores no sentido de resolver os seus problemas mais prementes", afirmou o presidente do SPGL, José Costa, que falava aos jornalistas à porta da Escola Básica Marquesa de Alorna, em Lisboa.