Devido às restrições por força do combate à propagação do novo coronavírus, a habitual ceia de Natal que nos últimos 11 anos aconteceu nas instalações do CCD foi transformada em distribuição de 'kits' na Igreja Nossa Senhora da Conceição, no Porto, aproveitando a experiência da "Porta Solidária".
"Estimamos distribuir, no mínimo, 600 refeições" declarou o presidente do CCDTCMP, Gouveia dos Santos, à conversa com os jornalistas perto da fila que a partir das 17:30 começou a ganhar expressão e onde se viam adultos jovens e idosos de ambos os sexos, num ato de solidariedade previsto para decorrer até às 20:30.
Segundo o responsável, o convite para que o evento decorresse num modelo diferente partiu do padre Rubens Marques, que gere o projeto "Porta Solidária" naquela igreja e que diariamente distribui refeições pelos mais carenciados da cidade.
"O padre Rubens, desta vez, convidou-nos para fazermos aqui a nossa ceia de Natal. Vamos fazê-lo de maneira completamente diferente, desta vez são 'kits' que incluem batatas com bacalhau, a sopa, o bolo-rei e a fruta. Levam também uma sandes, fruta e um iogurte para o almoço do dia seguinte", explicou Gouveia dos Santos.
O extra, explicou, deve-se ao facto de a população em questão ser "altamente carenciada" e, desta forma, permitir que "o almoço de amanhã [sexta-feira] seja mais confortável".
Sobre o ato solidário, o presidente daquela instituição confirmou que a distribuição de refeições "não se destina apenas a pessoas sem-abrigo".
"Infelizmente, há muita gente carenciada devido à situação que estamos a viver", assinalou Gouveia dos Santos, que pretende com este evento alertar "a consciência dos cidadãos" para a "grave situação que atormenta a sociedade".
Também o número de voluntários, confirmou o dirigente, teve de ser reduzido face ao normal nas ceias de Natal solidárias, onde "superavam a centena", tendo sido agora "entre 50 e 60" devido "à necessidade de guardar distanciamento social".
Sobre o motivo que levou a que o número de pessoas apoiadas se quedasse em 2020 pelas 600, depois de nos últimos anos oscilar entre as 800 e as 1.000, Gouveia dos Santos atribuiu-o à "falta de tempo para organizar melhor" devido aos vários constrangimentos provocados pela pandemia, e que levou a que "não tenham conseguido contactar todos os que habitualmente vinham".
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.649.927 mortos resultantes de mais de 74,1 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 5.902 pessoas dos 362.616 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.