Os donos da Herdade da Torre Bela, na Azambuja, onde foram abatidos 540 animais, repudiaram, esta quinta-feira, "firmemente a forma errada, ilegítima e abusiva como decorreu uma montaria na sua propriedade".
Num comunicado enviado às redações, os proprietários garantem que só tiveram conhecimento do sucedido "a posteriori" e "através da comunicação social".
"A Herdade da Torre Bela está, desde o primeiro momento, a colaborar de forma estreita e permanente com as autoridades competentes com vista ao cabal esclarecimento do ocorrido e ao total apuramento de responsabilidades, e reserva-se o direito de adotar as medidas judiciais adequadas, para ser ressarcida de todos os prejuízos provocados por este lamentável acontecimento", pode ler-se na referida nota.
Os proprietários sublinham também que não foram a "entidade exploradora da referida caçada", organizadores ou participantes, "direta ou indiretamente", e que, por isso, não têm "qualquer responsabilidade no sucedido".
"É inequívoco que o grupo de caçadores excedeu em larga medida os direitos de caça adquiridos, ultrapassando os limites acordados por contrato coma entidade exploradora e que se coadunam com o permitido pela licença de zona de caça que se encontrava à data,em vigor. Desde 2001,que a Herdade da Torre Bela desenvolve uma atividade cinegética, entendida como uma prática que contribui para a manutenção da biodiversidadee sustentabilidade ambiental, não tendo em nenhum momento sido detetada qualquer irregularidade. Aliás, foi a Herdade da Torre Bela, que, a partir de 2001, reintroduziu no local as espécies de caça maior, à data extintas, pelo que só pode repudiar de forma veemente o sucedido", é ainda argumentado.
Por fim, os donos da quinta garantem: "Ao contrário do que foi escrito de forma especulativa por alguns órgãos de comunicação social, a ocorrência deste lamentável abuso, a que a Herdade da Torre Bela é alheia, não tem nenhuma correlação com qualquer outra atividade da Herdade ou dos seus proprietários"
É de recordar que o jornal 'online' O Fundamental divulgou no domingo que 540 animais, a maioria veados e javalis, foram abatidos numa montaria nos últimos dias, num ato de caça que terá sido "publicitado" nas redes sociais "por alguns dos 16 'caçadores' que terão participado" na iniciativa.
Entretanto, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) já fez saber que vai suspender a licença da Zona de Caça de Torre Bela, com efeitos imediatos, e que apresentou ao Ministério Público uma participação de crime contra a preservação da fauna.
O Ministério do Ambiente anunciou esta quarta-feira a "suspensão imediata" da avaliação de impacte ambiental do projeto das centrais fotovoltaicas da Quinta da Torre Bela.