Violência doméstica. Crianças e jovens vão ter apoio psicológico

As crianças e jovens representam cerca de 50% das pessoas ajudadas pela rede de apoio a vítimas de violência doméstica, um facto que, segundo a secretária de Estado da Igualdade, justifica a criação de apoio psicológico específico.

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Lusa
05/01/2021 17:40 ‧ 05/01/2021 por Lusa

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violência doméstica

Esse apoio específico está contemplado num concurso lançado hoje com uma dotação financeira de 2,78 milhões de euros, para reforçar o apoio psicológico e psicoterapêutico das crianças e jovens vítimas de violência doméstica atendidas e/ou acolhidas na Rede Nacional de Apoio às Vítimas de Violência Doméstica.

Dados do gabinete da secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Rosa Monteiro, revelam que desde abril de 2020, quando começou a pandemia de covid-19, foram apoiadas 1.160 crianças, um número ligeiramente abaixo das 1.634 ajudadas no ano de 2019, e que representam cerca de 50% do total de pessoas apoiadas pela Rede Nacional de Apoio às Vítimas de Violência Doméstica (RNAVVD).

Em declarações à agência Lusa, no final da assinatura de um protocolo com a Ordem dos Psicólogos para a criação de uma bolsa de psicólogos e para apoio à criação desta resposta especializada, Rosa Monteiro admitiu que as crianças e os jovens não têm tido o apoio e o acompanhamento adequados.

"Não obstante todo os esforços das equipas técnicas destas estruturas (...), focado na especificidade de ser criança, ser jovem, (...) faltava esse acompanhamento mais especializado e daí termos decidido fazer este reforço e esta abordagem nas estruturas da rede, seja atendimento ou acolhimento", explicou a secretária de Estado.

De acordo com Rosa Monteiro, esta necessidade surge da constatação de que anualmente cerca de 50% das pessoas que chegam às estruturas de acolhimento de vítimas de violência doméstica, seja casas de abrigo ou estruturas de acolhimento de emergência, são crianças ou jovens que acompanham as suas mães.

Por outro lado, sublinhou que o protocolo com a Ordem dos Psicólogos vai também servir para "robustecer o conhecimento desta área a nível de conhecimento, desenvolvimento científico, mas também profissional", além de visar criar uma bolsa de psicólogos com o perfil necessário para este trabalho, à qual as estruturas da rede irão recorrer.

A assinatura do protocolo marca também o dia de arranque do concurso para que as entidades da rede se possam candidatar à contratação destes psicólogos, e que decorre até dia 17 de fevereiro.

"O grande objetivo é que estes profissionais não ficassem fechados na estrutura para a qual trabalham, mas que pudessem constituir uma equipa a nível nacional de projeto, com a coordenação da Ordem, produzirmos massa critica, conhecimento e uma especialização na abordagem porque assumimos que as crianças e jovens são vítimas diretas de violência doméstica", sublinhou.

O bastonário da Ordem dos Psicólogos Portugueses adiantou, por seu lado, que esta entidade vai ficar responsável pelo recrutamento dos profissionais para a bolsa de psicólogos e terão também a cargo a supervisão e a formação destes profissionais.

De acordo com Francisco Miranda Rodrigues, a bolsa será constituída por 60 psicólogos, garantindo que "não serão precisos muitos dias para a operacionalização de tudo" e ter a bolsa constituída, apesar de antever um trabalho mais longo relativamente à supervisão e formação especifica.

Entre 2015 e 2019, foram acolhidas nas casas de abrigo e nas respostas de acolhimento de emergência da RNAVVD, com as suas mães, um total de 7.414 crianças e jovens.

Leia Também: Lançado apoio para crianças e jovens vítimas de violência doméstica

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