Marçal Grilo, que foi ministro da Educação no primeiro Governo socialista de António Guterres, entre 1995 e 1999, foi o orador convidado de uma videoconferência promovida pela Federação Nacional da Educação (FNE).
Para o presidente do Conselho Geral da Universidade de Aveiro, a escola, não sendo capaz de "combater per si" a pobreza e as desigualdades, que "a pandemia veio destapar", tem "um papel a desempenhar, sobretudo nas desigualdades, educando as pessoas".
Eduardo Marçal Grilo enalteceu, no entanto, que a pandemia da covid-19 "mostrou que as escolas, os professores, os diretores (...) tiveram a capacidade de executar, pôr no terreno algumas soluções alternativas ao ensino presencial que surpreenderam muita gente".
"A mim não me surpreenderam", admitiu.
Em março e em abril de 2020, durante o primeiro confinamento generalizado em Portugal devido à pandemia da covid-19, as escolas estiveram encerradas, fazendo-se o ensino à distância através de plataformas digitais e com o apoio da telescola. As escolas apenas reabriram em maio para os alunos dos 11.º e 12.ºanos que tinham de fazer exames nacionais de acesso à universidade.
Em setembro, no início do novo ano escolar, todas as escolas reabriram ao ensino presencial e assim se manterão, não obstante o país entrar na sexta-feira num novo confinamento generalizado devido ao agravamento da situação epidemiológica. O Governo considera que o ensino à distância prejudica a aprendizagem dos alunos, em especial dos mais carenciados.
O antigo ministro da Educação defende que as tecnologias digitais "sejam usadas para enriquecer o ensino presencial", cabendo à escola, no quadro da sua autonomia pedagógica, fazer "uma avaliação muito rigorosa do que correu bem e mal nos meses do primeiro confinamento geral".
Eduardo Marçal Grilo participou hoje na primeira videoconferência do ciclo "Que caminhos para a escola na pós-pandemia?", que a FNE promove até abril.
A pandemia da covid-19 provocou pelo menos 1.979.596 mortos resultantes de mais de 92,3 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência noticiosa francesa AFP.
Em Portugal, morreram 8.384 pessoas dos 517.806 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
O país registou hoje um novo máximo diário de infeções, 10.698, e mais 148 mortes. Na quarta-feira, o número de mortos diário comunicado, 156, foi o mais elevado desde o início da pandemia.
A covid-19 é uma doença respiratória causada por um novo coronavírus (tipo de vírus) detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.