Um mês depois de assumir funções, o novo presidente da delegação que serve o concelho de Bragança, Duarte Soares, constatou que "há desafios demográficos que já existiam, mas esta pandemia está a criar consequências sérias".
A instituição presta assistência variada a um número "entre 350 a 400 pessoas" e tem notado que há agora um "maior isolamento das pessoas em vulnerabilidade, maior afastamento dos que garantem assistência e maior risco de pobreza".
Nestes grupos mais vulneráveis encontram-se os que têm doenças crónicas a necessitar de acompanhamento permanente, os cuidadores informais e os estudantes de países não europeus.
A pensar nestes estudantes e outros cidadãos que escolhem Bragança como destino e que possam encontrar dificuldades, a Cruz Vermelha tem um projeto para criar um centro de acolhimento para migrantes, que irá negociar com o Alto Comissariado para as Migrações.
Uma das preocupações imediatas tem a ver com a população que se encontra com doença avançada e necessita de apoio ao domicílio, bens alimentares, mecanismos e equipamentos para cuidar.
A Cruz Vermelha tem encontrado também necessidades nos cuidadores informais destas pessoas aos quais disponibiliza apoio para capacitação e formação dos mesmos, assim como ao nível da saúde mental.
O presidente da delegação, Duarte Soares, salientou à Lusa que a instituição não pretende substituir-se às entidades que atuam nesta área, mas "criar uma plataforma que respondam às necessidades imediatas e que demoram" algum tempo a ter resposta oficial.
Para dar estas respostas, a delegação de Bragança dispõe de um grupo de 66 voluntários e propõe-se trabalhar em parceria com o Politécnico de Bragança, aproveitando o potencial da formação na área da saúde.
A instituição está a disponibilizar outras respostas no combate à pandemia de covid-19, concretamente no rastreio de contágios, com uma equipa móvel de intervenção para testes, que começou hoje a trabalhar.
Esta equipa constituída por três elementos desloca-se ao local para realizar os testes, nomeadamente a instituições sociais ou juntas de freguesias, um serviço que é gratuito quando realizado em parceria com o Serviço Nacional de Saúde (SNS).
A equipa tem já agendada uma saída para testar a população da freguesia de Grijó de Parada, no concelho de Bragança.
A instituição disponibiliza a realização de testes a toda a população e empresas também num posto fixo, na sede em Bragança.
Numa semana, foram realizados "centena e meia de testes", nomeadamente a pedido de empresas que continuam a laborar e procuram desta forma "melhorar a tranquilidade" da respetiva comunidade.
O posto fixo também realiza testes gratuitos a quem tenha receita médica para o efeito, como explicou o presidente.
Nos rastreios realizados até à data, "10 a 15%" testaram positivo, resultados que são comunicados às autoridades locais de saúde.
Na última atualização oficial, relativa a sexta-feira, o distrito de Bragança tinha mais de 1.700 casos ativos de infeção pelo novo coronavírus, de um total de quase 8.200 desde o início da pandemia e 126 óbitos associados à covid-19.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.129.368 mortos resultantes de mais de 99,1 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 10.721 pessoas dos 643.113 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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