"O que temos feito tem sido correr atrás do prejuízo", diz Ricardo Mexia

O Presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública, apontou hoje "diversas insuficiências" ao modelo de gestão e liderança da pandemia de covid-19, afirmando que o que tem sido feito é "correr atrás do prejuízo".

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Lusa
27/01/2021 21:05 ‧ 27/01/2021 por Lusa

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Coronavírus

 

"Nós temos diversas insuficiências, seguramente que o modelo de gestão e de liderança implementado na pandemia não é aquele que todos gostaríamos de ter", disse Ricardo Mexia numa audição por videoconferência na Comissão Eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia da doença covid-19 e do processo de recuperação económica e social

Para o especialista em saúde pública, "não é claro onde está a liderança, não é claro o planeamento que foi feito: Isso deixa-nos apreensivos em relação a esta matéria e às vezes acaba por não ser fácil também perceber qual é o caminho que se pretende trilhar".

Desde cedo que os médicos de saúde pública defendem "uma separação muito clara" entre aquilo que é técnico e aquilo que é político".

"Caberá aos técnicos fazer a fundamentação e a proposta de soluções objetivas para o problema. Caberá aos políticos tomar a decisão com suporte naquilo que os técnicos possam apresentar, mas misturar os dois critérios seguramente não é uma boa prática", defendeu.

Aproveitando o facto de estar na Assembleia da República, Ricardo Mexia disse que constataram que, do ponto de vista normativo, também têm "algumas limitações, algumas dificuldades que será relevante resolver" para permitir que as ferramentas para controlar uma situação como a de uma pandemia possam estar ao dispor das autoridades de saúde e dos decisores políticos.

"Na legislatura anterior, chegou à Assembleia da República uma proposta de lei que acabou por não se materializar, a meu ver bem, porque de facto não era a lei que a saúde pública precisava, mas era seguramente fundamental avançar com a reforma da saúde pública", defendeu perante os deputados.

O especialista explicou que esta questão tem a ver com a organização, os recursos humanos e com questões do sistema de informação, que "é bastante vulnerável e que não permite a intervenção da forma como todos gostariam seja na leitura da informação seja também na partilha dessa informação".

"Volvido este tempo continuamos com limitações importantes em coisas simples, como telefones, linhas telefónicas computadores", apontou, realçando ainda a necessidade de recrutar recursos humanos, que têm de ser "treinados e depois serem introduzidos nas tarefas para que, quando a situação se complica, estarem seguramente mais aptos a dar o seu melhor contributo".

Por isso, vincou, "o que temos feito tem sido correr atrás do prejuízo e essa circunstância faz com que naturalmente seja sempre mais difícil resolver os problemas".

Segundo Ricardo Mexia, a prevenção é uma chave fundamental da resposta e, portanto, "recrutar em tempo útil, preparar em tempo útil é absolutamente fundamental".

"Seguramente agora estaríamos em condições bastante diferentes na medida em que é fundamental conseguirmos interromper as cadeias de transmissão", porque é dessa forma que se controla uma pandemia.

Segundo a Direção-Geral da Saúde, Portugal já registou 11.305 mortes associadas à covid-19 dos 668.951 casos de infeção confirmados.

 

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