Segundo Honorato Robalo, dirigente nacional do SEP, na Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda estão atualmente cerca de duas dezenas de enfermeiros em regime de substituição e cerca de 70 profissionais com vínculo precário "que foram contratados desde o início da pandemia".
"É uma exigência do SEP que todos os enfermeiros que exercem funções permanentes para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) devem ter uma relação jurídica de emprego permanente", disse o dirigente sindical à agência Lusa.
Na opinião do sindicalista, "os cerca de 90 enfermeiros da ULS da Guarda com relação precária, seja [com] contrato de substituição, seja pela [contratação devido à] situação da pandemia", devem ser integrados nos quadros da instituição.
Honorato Robalo apela ao Governo "que se deixe de prémios" para os profissionais que estão afetos às áreas dedicadas à covid-19 "e que fomente o combate à precariedade, porque a pandemia não pode trazer o aumento exponencial da precariedade" laboral dos enfermeiros.
Em relação à possibilidade de o SNS poder recrutar profissionais de saúde no estrangeiro, o dirigente nacional do SEP observa que a situação seria diferente se o Governo tivesse outra atitude para com os enfermeiros licenciados no país.
"Nós não somos contrários a que se vão buscar recursos ao estrangeiro, mas nós temos no estrangeiro milhares de enfermeiros, muitos formados na Escola Superior de Saúde da Guarda, e, se o Governo não criasse condições precárias, muitos enfermeiros estariam dispostos a trabalhar para o SNS português", justifica o sindicalista que exerce funções profissionais na ULS da Guarda.
Honorato Robalo referiu à Lusa que muitos enfermeiros optaram por sair do país e trabalhar no estrangeiro, em Inglaterra ou em outros países da União Europeia, dado que as condições laborais são melhores do que as que existem em Portugal.
"Se o Governo faz esforço para salvar a banca, tem de fazer esforço para salvar o SNS, para que o SNS seja a espinha dorsal do combate à pandemia", rematou o dirigente nacional do SEP.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.237.990 mortos resultantes de mais de 103,3 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 13.017 pessoas dos 731.861 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.