"Abrir caixões não comporta segurança, nem é recomendado"

Responsável pelo setor funerário lembra que vivemos um momento de guerra em que o desconhecimento sobre o vírus deve levar-nos a ser o mais cautelosos possíveis.

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© PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP via Getty Images

Notícias ao Minuto
07/02/2021 11:40 ‧ 07/02/2021 por Notícias ao Minuto

País

Carlos Almeida

A Direção-Geral da Saúde (DGS) atualizou, esta quinta-feira, a norma sobre os procedimentos a serem seguidos depois de uma morte, em tempos de pandemia.

De acordo com o documento, os velórios de vítimas da Covid-19 continuam a estar proibidos, mas na cerimónia fúnebre ou no funeral, se a família assim o desejar e se “houver condições”, o caixão pode ser aberto, desde que de forma “rápida” e a “pelo menos um metro de distância.

Esta nova medida foi comentada, esta manhã, na SIC Notícias, pelo presidente da Associação Nacional de Empresas Lutuosas que se mostra contra a medida e revela os perigos da mesma.

Carlos Almeida considera que a orientação da DGS "não foi ponderada no momento certo", dado o enquadramento atual, em que há "um elevado número de mortes, [em que são usados] contentores suplementares e em que se levam quase seis dias a consumar as escavações do cadáver". Para além disso, lembra, não é permitida nesta altura "a preparação ou intervenção para apresentação do corpo" durante um funeral. Com isto, o profissional recorda que ver um familiar por uma última vez, sem qualquer preparação, poderá tornar-se, ao contrário daquilo que se deseja, um momento traumático.

Carlos Almeida defende que a "utilização de uma urna com visor, para apaziguar as famílias" pode ser a solução mais correta, sobretudo numa altura em que alguns casos de enganos com corpos têm deixado as famílias mais inquietas. Abrir os caixões, contudo, é na sua opinião uma opção a não considerar.

"Abrir caixões não comporta segurança, nem é recomendado. Não nos passa pela cabeça ter um cadáver não preparado e abrir a tampa da urna na sua totalidade. Vai chocar as famílias", reforçou, sem esquecer os perigos que isso pode acarretar.

Quando questionado se uma situação destas poderá ser um risco em termos de contaminação, o presidente da Associação Nacional de Empresas Lutuosas lembrou que "99% das empresas funerárias em Portugal são pequenas e médias empresas familiares e que muitas delas estão neste momento fechadas porque os seus funcionários estão em quarentena, na sequência do exercício das suas funções".

"É por isso que defende que os caixões não devem ser abertos?", questionou o jornalista. Carlos Almeida não hesitou: "Sim".

O representante dos agentes funerários do país quis ainda lembrar "que estamos cá para ajudar as pessoas para fazer o seu luto, para ajudar a contribuir para que tudo seja o mais sereno possível", mas lembrou que o período de espera entre o óbito e o funeral, sem qualquer intervenção por parte destes profissionais, não vai ajudar a resolver a situação.

Carlos Almeida falou ainda sobre o plano de vacinação dos profissionais de primeira linha e reforçou que embora os agentes funerários pareçam "estar no fim da linha", estão na frente do combate. Por isso, apelou para que seja ponderado que os cerca de 5 mil profissionais da área possam ser contemplados no plano de vacinação prioritária.

Leia Também: DGS recomenda que cemitérios e crematórios funcionem na capacidade máxima

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