Líder do maior partido timorense confiante na continuidade

O secretário-geral da Fretilin, maior partido timorense, Mari Alkatiri, manifestou-se hoje confiante que continua a ter o apoio da força política, apesar do anúncio do ex-primeiro-ministro Rui Araújo de estar disponível para disputar a liderança.

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Lusa
09/02/2021 15:50 ‧ 09/02/2021 por Lusa

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São Tomé

"Não há hipóteses de desafiar este mandato nem dentro nem fora dele", afirmou Mari Alkatiri, na sua primeira reação ao anúncio da disponibilidade de Rui Araújo anunciada recentemente em entrevista à Lusa.

"É o círculo vicioso: cada cinco anos aparece uma tendência. E depois vão todos parar ao sítio que nós sabemos, que é fora. Mas não estou preocupado com isto", comentou.

Em 27 de janeiro, o ex-primeiro-ministro timorense Rui Araújo disse à Lusa que está disponível para se candidatar à liderança da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), maior partido do país, quando o processo de eleições internas ocorrer.

"Estou a pensar nisso, com outros camaradas. É um movimento. Estamos a trabalhar", disse em declarações à Lusa, explicando que apesar de estar atualmente afastado de cargos políticos continua "ativo na política".

"Temos eleições para a liderança do partido pela frente. Dependente das decisões do Comité Central e da vontade dos militantes", frisou.

Questionado sobre o anúncio, Alkatiri disse que o ex-chefe do Governo tem o direito a candidatar-se.

"Rui Araújo tem todo o direito de querer estar disponível. Mas a verdade é que em política é assim: quando uma pessoa arrisca, ou petisca ou não petisca", comentou, sem tecer comentários adicionais.

A possível candidatura de Rui Araújo - que foi primeiro-ministro no VI Governo e ocupou ainda a pasta de ministro da Saúde -- ao cargo de secretário-geral da Fretilin tem vindo a ser alvo de debates políticos em Timor-Leste há um longo período.

Vários nomes têm sido associados a esta eventual candidatura num processo eleitoral com data ainda por marcar, que a concretizar-se seria a mais recente tentativa de desafio à liderança do atual secretário-geral.

O anúncio causou um intenso debate político em Timor-Leste, com vários militantes da Fretilin a surgirem a público a apoiar Araújo e o assunto a marcar parte da agenda mediática.

Entre as questões em que diverge de Alkatiri, Araújo destaca a da Fretilin viabilizar desde meados do ano passado o VIII Governo, que formalmente nasceu em 2018 assente numa coligação pré-eleitoral onde estava o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), de Xanana Gusmão, que posteriormente saiu do executivo.

"Sempre defendi que a forma mais adequada para a Fretilin participar era formar um Nono Governo, liderado ou facilitado pela Fretilin. O entendimento seria diferente", disse Araújo, admitindo que isso foi parte do que o levou a não aceitar um convite para integrar este executivo.

"Não só isso, mas penso que não há condições políticas para trabalhar a sério em áreas muito técnicas como a saúde, porque há muita balcanização e politização. É melhor deixar para outros e eu dar a minha contribuição em termos técnicos", frisou.

 

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