Durante a audição na Comissão de Saúde, a Comissão Técnica foi questionada por vários deputados sobre a decisão recente de incluir os idosos com mais de 80 anos na primeira fase do plano de vacinação e o coordenador justificou o 'timing' com a evolução da pandemia.
"Quando [o plano de vacinação] foi definido no início de dezembro, a situação epidemiológica era uma. Esta situação agravou-se no final do mês e verificou-se um aumento muito significativo da incidência de novas infeções por SARS-Cov-2 em idades superiores a 85 anos, o que nos fez colocar mais para cima na lista de prioridades estas pessoas", justificou Valter Fonseca.
A vacinação contra a covid-19 dos idosos com 80 ou mais anos arrancou na semana passada nos centros de saúde, mas inicialmente estava previsto que este grupo fosse vacinado na segunda fase do plano e só no final de janeiro é que foi anunciada a sua inclusão para já.
Primeiro em resposta ao PSD, que requereu a audição, e diretamente ao deputado Ricardo Baptista Leite, o coordenador da Comissão Técnica sublinhou que o plano de vacinação é "dinâmico", adaptando-se à própria pandemia, acrescentando mais tarde um segundo fator, relacionado com a existência de dados que só são conhecidos aquando a aprovação das vacinas.
"Muitas das definições que propomos são feitas antes da aprovação das vacinas, o que pode significar que há dados relacionados com a aprovação do regulador que podem ter impacto e necessitar de revisões e ajustes do próprio plano de vacinação", explicou.
Durante a audição, os membros da Comissão Técnica também foram questionados sobre os critérios para a definição das patologias de risco mais ou menos prioritárias e a exclusão de doenças como a trissomia 21 ou doenças oncológicas.
Segundo o coordenador-adjunto, José Gonçalo Marques, as comorbidades consideras prioritárias para a primeira fase do plano de vacinação foram definidas de acordo com a sua relação ao risco de morte ou internamento por covid-19.
A decisão mais fácil, no seu entender, seria definir como único fator de prioridade a idade, mas a associação desse a determinadas patologias era necessária para maximizar os benefícios da vacinação para a saúde pública.
"O impacto estimado com uma estratégia de vacinação por grupo de risco acima dos 50 anos e em estruturas residências para idosos era, no internamento e na mortalidade, semelhante ao de vacinar só acima dos 80 anos. Mas o impacto em cuidados intensivos era muito superior", explicou José Gonçalo Marques.
E acrescentou: "Nós precisamos de olhar para todos os ganhos em saúde que podemos obter com a vacinação".
Sobre a recomendação da Direção-Geral da Saúde de administrar a vacina da AstraZeneca em pessoas até aos 65 anos de idade, os membros da Comissão Técnica afirmaram estar confortáveis com a "atitude de prudência" aí refletida, admitindo, ainda assim, estar confiantes com a segurança e eficácia dessa vacina em todas as faixas etárias.
Portugal registou hoje 161 mortes relacionadas com a covid-19 e 4.387 casos de infeção com o novo coronavírus, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).
A pandemia de covid-19 já provocou 14.718 mortes em Portugal, resultantes de 774.889 casos de infeção pelo coronavírus SARS-CoV-2.
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