"Temos de sair da primavera sem mais um verão e outono ameaçados"

Depois de decretado o 11.º Estado de Emergência, o Presidente Marcelo falou ao país e deixou claro que se torna imperioso acautelar que a Páscoa não signifique um retrocesso no controlo da pandemia. O chefe de Estado deixou ainda um aviso: "Não se conte comigo para dar o mínimo eco a cenários de crises políticas ou eleitorais".

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Filipa Matias Pereira
11/02/2021 20:00 ‧ 11/02/2021 por Filipa Matias Pereira

País

Presidente Marcelo

"Foram duas semanas difíceis, mas terminaram melhor do que começaram. Começaram com números dos piores do mundo, pressão elevadíssima nas estruturas da saúde, notícias pontuais de favoritismo no desvio de vacinas", começou por referir o Presidente da República, depois de ter sido decretado o 11.º Estado de Emergência.

A falar ao país a partir do Palácio de Belém, o chefe de Estado considerou que estes "foram dias, mais uns, nesta saga de quase um ano, pesados para todos, dramáticos para bastantes, mas foi o correr dos dias que permitiu trazer razão onde reinava a emoção. Os portugueses compreenderam que os apoios europeus eram simbólicos, não substituíam os heróis na saúde, mas mostravam que, numa verdadeira união, ninguém deve esquecer ninguém".

Os portugueses compreenderam também, prosseguiu, que "há atrasos na produção e no fornecimento de vacinas na Europa e em Portugal, e que isso ia impor, a partir de abril, vacinar mais e mais depressa para cumprirmos a meta avançada para setembro".

Segundo o chefe de Estado, nestes últimos dias, os portugueses ficaram a saber ainda "que os responsáveis pelos favoritismos no desvio de vacinas iam ser exemplarmente punidos".

No domínio político, o Presidente da República sublinhou que "os portugueses compreenderam que o bom senso já aconselhava que provocar, nesta altura, crise políticas, com cenários de governos à margem dos partidos, de resultado indesejável em tempo perdido, em terceiras eleições no verão e nada de novo no horizonte, não servia para outra coisa se não para agravar a pandemia".

"Finalmente", considerou, os portugueses compreenderam que era importante quando "o número de infetados por dia descia de mais de 15 ou 16 mil para entre 2 e 7 mil e o de mortos descia também. E isso, a manter, podia reduzir a enorme pressão sobre as estruturas da saúde".

"E agora? Agora é tudo muito claro, temos de sair da primavera sem mais um verão e um outono ameaçados em vida, economia, saúde e sociedade", enfatizou.

Páscoa? O aviso de Marcelo

Temos, como considerou o chefe de Estado, "de assegurar que a Páscoa, no início de abril, não será causa de mais uns meses de regresso ao que vivemos nestas semanas. Temos, até à Páscoa, de descer os infetados para menos de dois mil”.

Na sequência do que o primeiro-ministro revelou esta tarde, de que é previsível que o confinamento se mantenha durante o mês de março, Marcelo Rebelo de Sousa indicou também que esse será o caminho no controlo da pandemia. "Temos de descer a propagação do vírus para números europeus" e temos de "manter o Estado de Emergência e o confinamento como os atuais por mais 15 dias e apontar para prosseguir março fora no mesmo caminho, para não dar sinais errados para a Páscoa”.

É igualmente imperioso "melhorar o rastreio de contaminados, com mais testes, mas sobretudo com mais operacionais. E ter presente o desafio constante da vacinação possível. Sem essas peças-chave não haverá um desconfinamento bem sucedido", lembrou.

"Tudo sem crises políticas"

Ao longo das próximas semanas, aconselhou o Presidente que se vá "estudando como, depois da Páscoa, evitar que qualquer abertura seja um novo intervalo entre duas vagas".

Durante este percurso, temos "de continuar a apoiar, e apoiar depressa, os que na economia e na sociedade sofrem com estas semanas de sacrifício. Tudo sem crises políticas. Tudo sem cenários de governos de unidade ou salvação nacional. Não se conte comigo para dar o mínimo eco a cenários de crises políticas ou eleitorais. Já basta a crise da saúde e a económica e social".

Marcelo reiterou ainda que o seu mandato, renovado recentemente, está assente em "vencer as crises, mesmo as mais graves", "não provocar crises, mesmo as mais sedutoras, e contar sempre com os portugueses".

Para o fim da sua declaração ao país, o Presidente reservou uma palavra de agradecimento aos portugueses por "este confinamento global", que veio acompanhado de um apelo "a mais resistência num futuro próximo".

Leia Também: "Atual confinamento é para manter". País enfrenta "dois novos riscos"

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