A Federação Nacional de Professores (Fenprof) concluiu que "valeram os professores para que os alunos voltassem às aulas", a partir do inquérito hoje divulgado, ao qual responderam mais de quatro mil docentes.
Para a Fenprof, o ensino à distância - que foi retomado há uma semana - está a funcionargraças aos docentes, "uma vez que, dez meses depois das promessas do primeiro-ministro, as escolas continuam sem recursos para uma resposta que, sendo de emergência, é fundamental quando o ensino presencial, por razões excecionais, tem de ser suspenso".
Segundo o inquérito, 95% dos professores estão a trabalhar em casa com o seu equipamento e a maioria teve de comprar um computador, uma vez que em81% das casas há, no mínimo, duas pessoas em teletrabalhosimultâneo.
Também 95% dos docentes disseram ter despesas acrescidas, não incluindo a compra de computador, mas sim o uso da internet, telemóvel e outros recursos indispensáveis ao trabalho remoto.
"Osprofessores deverão ser ressarcidos das despesasque fizeram e continuam a fazer com o teletrabalho, incluindo a compra de computador e outras inerentes à atividade profissional conforme estabelece o Código de Trabalho nos seus artigos 166.º e 168.º", defende a federação sindical.
Apenas 4% dos docentes estão a trabalhar nas escolas e oito em cada dez professores decidiu fazerformação específica, recorrendo na maior parte das vezes a formações que encontrou online.
"Só 20% afirma ter frequentado formação da iniciativa da escola ou do Ministério da Educação, mas, em relação a esta última, não chegam a 0,2% os que afirmam ter havido", sublinha a Fenprof em comunicado.
Ainda sobre a falta de apoio adocentes com filhos menores de 12 anos, a federaçãorecorda que este é um grupo profissional envelhecido e por isso 78% dos professores já não têm filhos desse grupo etário.
No entanto, entre os que têm filhos pequenos, nove em cada dez admite ter dificuldades na gestão entre as aulas e o acompanhamento dos filhos.
"Osprofessores que se encontram em teletrabalho e têm filhos menores de 12 anos deverão poder recorrer às creches e escolas de acolhimento, caso necessitem, e os que estão em atividade presencial deverão beneficiar dos apoios prestados aos demais trabalhadores", defende a Fenprof.
Outra das exigências reiteradas é a vacinação imediata dos docentes que se encontram em atividade presencial. Para os restantes professores, a Fenprof entende que devem ser vacinadoscontra a covid-19antes do regresso às escolas, "de acordo com recomendações internacionais, designadamente da UNESCO e da Internacional de Educação".
Participaram no inquérito mais de quatro mil docentes desde professores daeducação pré-escolar, passando pelo ensino básico até ao secundário.