Frederica Silva e Mónica Machado integram a equipa de três técnicos que trocaram as aulas de natação e hidroginástica para irem todas as tardes, de segunda a sexta-feira, junto dos mais velhos, muitos deles utentes da piscina e alunos da Universidade Sénior que já conheciam.
Teresa Correia frequentava as aulas de inglês, dança, costura solidária e desporto no âmbito da Universidade Sénior. Com "tudo cancelado" devido à pandemia, os dias são agora mais tristes para esta mulher de 70 anos, a viver sozinha.
"Agora, vejo televisão, leio, às vezes faço também trabalhos manuais e outros dias não faço nada, diz com uma certa desmotivação esta mulher, para quem o projeto "foi uma boa ideia para animar mais estes dias, ao ver gente conhecida e falar".
Abília e Norberto Sortes, de 79 e 77 anos, foram obrigados a deixar a hidroginástica e a dança. Agora vão-se ocupando do jardim e de algumas atividades agrícolas, que, contudo, os impedem de manter a vida ativa que levavam.
Com a redução de contactos com filhos e netos, o aparecimento das técnicas permite ir "falando e estando mais entretidos", diz Norberto, segundo o qual o projeto ajuda a combater a solidão.
Com as aulas de hidroginástica e trabalhos manuais suspensas, os dias de Carolina Luís, 73 anos, agora são passados em casa.
"Agora não há nada, só o bicho. É muito difícil porque vivo sozinha e por vezes não sei o que hei de fazer", afirma Carolina, para quem "sabe bem" a animação de Frederica e Mónica, que a deixam "mais acompanhada".
Frederica Silva e Mónica Machado não hesitaram, logo em março de 2020, aquando do primeiro confinamento, a "disponibilizarem-se para ajudar qualquer setor da câmara que precisasse de mais colaboradores", uma vez que o seu trabalho nas piscinas está suspenso.
"Os monitores ficaram sem ter o que fazer, portanto é um desafio para ambas as partes", refere o presidente daquela câmara do distrito de Leiria, Ricardo Fernandes (PS).
À janela das casas, com idosos de um lado e elas de outro, mantendo as devidas distâncias que a pandemia veio obrigar, dão dois dedos de conversa e promovem jogos, para distrair aqueles que se encontram agora mais isolados.
Quando a roleta calha na dança, dispara-se uma música do telemóvel, liga-se a coluna portátil e incentiva-se os interlocutores a dar um pé de dança sozinhos ou acompanhados pelos seus conjugues.
A música enche a rua e atrai as atenções dos vizinhos, que também vêm à porta ou à janela, sem, contudo, se promover o ajuntamento de pessoas.
O projeto 'Conversas à Janela' arrancou há três semanas, abrangendo mais de uma centena de pessoas.
"As pessoas sentem que nós nos lembramos delas e combatemos a solidão e os dias difíceis, sublinha Frederica Silva.
O projeto tem também como objetivo fazer o levantamento da situação em que a população sénior se encontra, elencando as principais necessidades que possam estar a sentir, nomeadamente no que diz respeito às diferentes tarefas que obrigam a sair de casa.