"Continuamos com uma situação problemática na vila de Rabo de Peixe. Em 63 casos ativos [de infeção por SARS-CoV-2] nos Açores, 42 são nesta localidade. Apesar da evolução positiva, continuam a existir razões de particular preocupação e atenção", avançou hoje o diretor regional da Saúde dos Açores, Berto Cabral, numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo.
A vila de Rabo de Peixe, no concelho da Ribeira Grande, na ilha de São Miguel, está sujeita a cerca sanitária desde o dia 13 de janeiro.
Desde o dia 05 de fevereiro que a cerca se aplica apenas a uma parte da vila e, a partir das 00:00 de quarta-feira, será ainda mais restrita.
Segundo o diretor regional da Saúde, que é responsável máximo da Autoridade de Saúde Regional dos Açores, a cerca sanitária será aplicada ao "território a norte da Rua da Praça e na Rua da Nossa Senhora de Fátima, incluindo o bairro situado nas ruas Francisco Andrade e Afonso Maria Tavares".
"O nosso propósito não é restringir direitos nem dificultar a vida às pessoas, mas apenas salvaguardar a saúde pública, como felizmente temos conseguido", frisou.
A medida, decidida após consulta da Comissão de Acompanhamento da Luta contra a Pandemia nos Açores, deverá ser prolongada até ao dia 01 de março.
"A cerca, neste momento, está programada para durar até dia 01 de março, mas nós vamos avaliando todas as semanas", adiantou o presidente da comissão de acompanhamento, Gustavo Tato Borges.
O diretor regional da Saúde salientou que continuam a surgir novos casos de infeção pelo novo coronavírus que provoca a doença covid-19 na vila, mas estão circunscritos "a uma determinada parcela de Rabo de Peixe".
"Desde quinta-feira, foram detetados 16 novos casos em Rabo de Peixe, alguns deles sem terem ligação direta com casos identificados anteriormente", alertou.
No restante território da vila de Rabo de Peixe serão aplicadas as medidas previstas para os concelhos de "alto risco".
Foi decidido ainda "o encerramento de todos os estabelecimentos de ensino localizados nessa freguesia, mantendo-se nos mesmos o ensino à distância, o encerramento de todos os estabelecimentos de restauração, bebidas e similares, exceto para serviço de entrega ao domicílio, e o cancelamento de todos os eventos de natureza cultural ou de convívio social alargado".
Já o concelho da Ribeira Grande, que tinha baixado, na passada sexta-feira, o nível de risco para "muito baixo", volta a ter medidas de "médio risco".
"Considerando as consequências possíveis da alteração do perímetro da cerca, nomeadamente em decorrência da circulação sem restrições, o nível de risco de todo o concelho da Ribeira Grande passa a ser considerado de médio risco, de forma a acautelar qualquer risco de propagação da doença", justificou Berto Cabral.
Apesar de as escolas de Rabo de Peixe continuarem encerradas, os alunos que estudem noutros estabelecimentos de ensino poderão regressar às aulas, mesmo tendo residência dentro da cerca.
"Passará a ser considerada, a partir da próxima semana, como exceção às restrições de circulação no âmbito da cerca, a deslocação para quaisquer atividades relacionadas com ensino. Os alunos que frequentam escolas fora da cerca podem circular", revelou.
O executivo açoriano decidiu, no entanto, testar, a partir de quinta-feira, "os estudantes residentes na vila de Rabo de Peixe pela metodologia RT-PCR, à semelhança do que já está a ser feito com o pessoal docente e não docente de todas as escolas da ilha de São Miguel".
"É mais um meio de termos certezas relativamente à situação epidemiológica da vila de Rabo de Peixe", apontou o diretor regional da Saúde.
Os Açores têm atualmente 63 casos positivos ativos de infeção pelo novo coronavírus, sendo 51 em São Miguel, sete no Pico, três na Terceira, um em Santa Maria e um no Faial.
Desde o início da pandemia foram diagnosticados nos Açores 3.834 casos, recuperaram da doença 3.637 doentes, morreram 29, saíram da região 67, enquanto 38 comprovaram cura de anterior infeção.
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