O matemático Henrique Oliveira foi entrevistado, na noite desta terça-feira, na TVI24, data - 2 de março - em que se marca um ano sobre o primeiro caso do novo coronavírus registado em Portugal. O também professor do Instituto Superior Técnico (IST) referiu que "a matemática é muito importante nestas coisas" porque "ajuda" os médicos: "Sabemos como as doenças se propagam, é um fenómeno dinâmico, de contactos".
"Quando houve a questão do Natal", prosseguiu, "fiz as projeções para janeiro e cheguei à conclusão que, se houvesse um desconfinamento só naqueles quatro ou cinco dias, havia um excesso de óbitos no mês de janeiro de 1.500". "Eu avisei, e não nos ouviram".
Por outro lado, depois do Natal, "não se confinou logo a seguir". "E cada dia que se perde corresponde a mais umas centenas de mortes, porque a pandemia estava a crescer exponencialmente e, cada dia, tem um impacto muito grande no que vai acontecer no final", explicou Henrique Oliveira.
Para o especialista, o papel dos matemáticos nestas questões "devia ser mais escutado". Tudo "poderia ter sido usado para ajudar a Saúde, para planificar, para evitar, de certa maneira, a situação crítica que aconteceu a partir do dia 12, 13, 14 e 15 de janeiro", revelou o professor.
Questionado sobre se conseguimos hoje dizer que não vai haver uma quarta vaga, o especialista foi taxativo: "Estamos muito bem lançados. Os números são muito bons".
E acrescentou: "São muito bons na sua tendência, mas se nós olharmos para os ativos hoje, tínhamos 65.793. Muitos desses ativos estão a contagiar. Portanto, se nós desconfinarmos hoje - ou daqui a uns dias - podemos por toda essa carga de ativos (e os assintomáticos que não têm sido muito bem estimados) [...] Se lançarmos para a rua, de forma livre, esses elementos de contágio, podemos ter uma quarta vaga sem dúvida".
De lembrar que Portugal somou, nas últimas 24 horas, mais 691 novos casos e 38 mortes relacionados com a Covid-19, indica o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde desta terça-feira, sendo este o terceiro dia consecutivo abaixo das mil novas infeções diárias.
O nosso país contabiliza, até ao momento, 805.647 infetados e 16.389 óbitos.
Já se encontra disponível o Relatório de Situação de hoje, 2 de março. Mais informações em https://t.co/FItqb6s6mC#umconselhodaDGS #sejaumagentedesaúdepública #estamoson pic.twitter.com/WGDmg4a1Bm
— DGS (@DGSaude) March 2, 2021
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