"A MSF retomou a resposta à pandemia da covid-19 em Portugal, com uma abordagem centrada agora na promoção de saúde comunitária em bairros vulneráveis na região de Lisboa e Vale do Tejo, junto de comunidades maioritariamente de ascendência africana e de comunidades ciganas", adiantou a organização em comunicado.
Segundo a MSF, estas ações pretendem "ajudar a mitigar o impacto e o risco de surgimento de novos focos da doença nestas comunidades vulneráveis, assim como a melhorar as estratégias comunitárias de prevenção dos contágios" pelo novo coronavírus.
"A principal lacuna identificada pela MSF na resposta à covid-19 em Portugal é a ausência de uma abordagem específica direcionada às comunidades com maior vulnerabilidade socioeconómica e que têm sido historicamente negligenciadas", alertou a organização.
"Durante as visitas que já fizemos, a procura de informação sobre a doença foi recorrente", salientou a coordenadora-médica deste projeto, Cecília Hirata Terra, para quem as medidas de distanciamento físico "são vistas como uma imposição, uma vez que não estão adaptadas à realidade destas comunidades".
As atividades da MSF neste projeto assentam na promoção e educação para a saúde, com partilha de informação sobre a doença, sintomas, formas de propagação, comportamentos individuais e coletivos e o seu impacto nas cadeias de transmissão, assim como na sensibilização para vacinação contra a covid-19.
Esta iniciativa prevê parcerias com as associações locais e com mediadores das comunidades, envolvendo também as "pessoas na identificação das suas necessidades e na concretização de soluções, e em diálogo com os departamentos governamentais responsáveis", adiantou a MSF.
Além disso, está prevista a disponibilização de `kits´ de higienização e de máscaras para dotar as comunidades abrangidas pelas iniciativas dos meios necessários para concretizarem as orientações partilhadas pela MSF.
Entre abril e maio de 2020, na fase inicial da pandemia, a organização desenvolveu atividades de avaliação de risco de propagação do novo coronavírus e de formação de profissionais, abrangendo 34 lares de idosos de 12 concelhos do país.
Em Portugal, morreram 16.486 pessoas dos 808.405 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.