Prémio Pessoa 2020 atribuído à cientista Elvira Fortunato
A investigadora é distinguida por um conjunto de invenções entre as quais a criação do primeiro ecrã transparente a partir de materiais sustentáveis.
© Global Imagens/Reinaldo Rodrigues
País Elvira Fortunato
A investigadora Elvira Fortunato venceu o Prémio Pessoa 2020, anunciou hoje o júri, numa transmissão online.
Cientista, professora catedrática e Vice-Reitora da Universidade NOVA de Lisboa, especialista em Microelectrónica e Optoelectrónica, Elvira Fortunato é engenheira de formação e no seu currículo figura uma lista de invenções e inovações "onde se destaca o transístor de papel", refere a ata do Prémio Pessoa 2020.
"A ideia de usar o papel como um material eletrónico abriu portas, em 2016, para futuras aplicações em produtos farmacêuticos, embalagens inteligentes ou microchips recicláveis, ou até páginas de jornal ou revistas com imagens em movimento", sublinhou Francisco Pinto Balsemão, presidente do júri, na declaração do anúncio do vencedor.
"A ciência e a inovação são sinónimos de Elvira Fortunato", referiu ainda o presidente, acrescentando que "o trabalho pioneiro na área da eletrónica transparente, usando materiais sustentáveis e com processamento completo à temperatura ambiente é de grande impacto na indústria eletrónica mundial. Tudo isso lhe valeu o prémio Horizont Impact Award 2020, atribuído pela Comissão Europeia".
Elvira Fortunato, sublinhe-se ainda, é a promotora de uma plataforma associada à eletrónica flexível que recorre a materiais eco-sustentáveis e facilmente recicláveis. Estes têm como objetivo promover as interfaces e sistemas de comunicação de baixo custo e mais ajustadas a um futuro duradouro.
"Graças a um percurso académico nacional e internacional de grande consistência, Elvira Fortunato tem revelado uma exemplar capacidade para enfrentar os problemas das relações entre o Estado e as empresas, assim como entre a investigação e a tecnologia, estimulando o trabalho de cooperação entre instituições", vincou Francisco Pinto Balsemão.
Com efeito, ao "atribuir-lhe o Prémio Pessoa 2020, o júri consagra uma carreira de excecional projeção, dentro e fora do nosso país, mas também reconhece um contributo notável para o desenvolvimento português científico, tecnológico e de inovação".
O Prémio Pessoa é uma iniciativa do semanário Expresso e da Caixa Geral de Depósitos, e visa "representar uma nova atitude, um novo gesto, no reconhecimento contemporâneo das intervenções culturais e científicas produzidas por portugueses".
O júri deste ano foi composto por Francisco Pinto Balsemão (presidente), Emílio Rui Vilar (vice-presidente), Ana Pinho, António Barreto, Clara Ferreira Alves, Diogo Lucena, Eduardo Souto de Moura, José Luís Porfírio, Maria Manuel Mota, Pedro Norton, Rui Magalhães Baião, Rui Vieira Nery e Viriato Soromenho-Marques.
O anúncio do Prémio Pessoa 2020 deveria ter acontecido em dezembro, mas foi adiado para hoje, por causa da pandemia da covid-19.
Entre os vários galardoados com este prémio, desde que foi instituído, em 1987, contam-se personalidades como José Mattoso, António Ramos Rosa, Maria João Pires, Menez, António e Hanna Damásio, Herberto Helder (que o recusou), Vasco Graça Moura, João Lobo Antunes, José Cardoso Pires, Eduardo Souto Moura, João Bénard da Costa, Sobrinho Simões, Mário Cláudio, Luís Miguel Cintra, Maria do Carmo Fonseca, Eduardo Lourenço, Maria Manuel Mota, Richard Zenith, Manuel Aires Mateus, Rui Chafes, Frederico Lourenço e Tiago Rodrigues.
Em reação, Elvira Fortunato sublinhou a importância desta distinção como um reconhecimento do seu trabalho e, sobretudo, da ciência, admitindo que tem um valor especial por carregar o nome de Fernando Pessoa.
[Notícia atualizada às 13h30]
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