"Os enfermeiros estão cansados e estão exaustos. Estamos fartos do discurso político, da retórica política, sobre a relevância do papel dos enfermeiros, mas no plano prático, em termos de consequências [para as carreiras dos enfermeiros], é zero", disse aos jornalistas o presidente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), José Carlos Martins.
O grupo de enfermeiros reuniu-se em frente ao principal hospital de Lisboa erguendo bandeiras do sindicato e entoando palavras de ordem como "queremos uma carreira para a enfermagem inteira", "enfermeiros a cumprir têm de progredir" e "com ou sem pandemia, contratação já é tardia".
Para o dirigente do SEP, o Governo "tem de dar início à negociação de uma carreira única para todos os enfermeiros", que "valorize todos, corrija desigualdades" e "elimine injustiças".
Uma das injustiças que os enfermeiros quiseram evidenciar foi o facto de haver profissionais com mais de 15 anos de profissão, mas que "ganham o mesmíssimo" que um enfermeiro recentemente empregado.
E a pandemia apenas veio "evidenciar" não só a importância, mas também o risco associado, à profissão de enfermeiro, prosseguiu José Carlos Martins.
Durante a tarde, o primeiro-ministro, António Costa, anunciou que o Governo já tinha mandado "processar o pagamento do subsídio de risco devido aos profissionais" de saúde.
Questionado sobre como é que o sindicato vê o anúncio do chefe do Governo, o dirigente sindical criticou o que considerou ser uma intenção do Governo de "poupar dinheiro", já que "fixou um conjunto de critérios que determina a sua aplicabilidade a um reduzido número de enfermeiros, muito poucos, quando o esforço, o desempenho e o profissionalismo" foi de todos.
"O que nós exigimos, precisamente, para reconhecer o trabalho, o empenho e a dedicação dos enfermeiros, é atribuir a menção de relevante no seu desempenho, face ao ano de 2020, no combate à pandemia", afirmou José Carlos Martins.
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