"O papel das pequenas e médias empresas e, em particular de 'start-ups' baseadas na ciência, tem sido particularmente relevante em todo o mundo e também na Europa. A importância do Conselho Europeu de Inovação (CEI) prende-se com uma falha do mercado que foi muito bem identificada na Europa, (...) [e que está ligada] à diferença nos esquemas de financiamento não apenas na fase de lançamento, mas sobretudo no processo de crescimento das 'start-ups'", defendeu o ministro.
Manuel Heitor falava durante o evento virtual de lançamento do CEI, em que também participou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o Presidente francês, Emmanuel Macron, e a comissária para a Inovação, Investigação, Cultura, Educação e Juventude, Mariya Gabriel.
Salientando que "a ciência cria mercado" e "cura, como vimos na atual crise pandémica", o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior vincou que "o desenvolvimento de atividades económicas de alto valor acrescentado" também cria "novos problemas científicos".
"Nesta contínua interação entre a ciência e os mercados, entre os mercados e a ciência, é hoje particularmente crítico o envolvimento de novos parceiros sociais. As 'start-ups' e pequenas e média empresas são particularmente críticas na paisagem europeia, em conjunto com as organizações de investigação em grandes empresas e em organizações governamentais" apontou.
Manuel Heitor deu o exemplo da biofarmacêutica alemã, BioNTech, que, em conjunto com a farmacêutica Pfizer, criou uma vacina contra a covid-19 baseada numa nova tecnologia (RNA mensageiro), salientando que se trata de um "exemplo claro do crescimento de uma pequena 'start-up' que, baseada na ciência, está a evoluir com benefícios para a população inteira".
Para permitir que "outras descobertas" como esta ocorram na "paisagem europeia", o ministro adiantou que o objetivo do CEI é "estimular, facilitar e complementar os esquemas de financiamento orientados para [dar] novos estímulos ao crescimento das pequenas e médias empresas (PME) baseadas na ciência"
"Tem um orçamento adequado para facilitar o crescimento de empresas em toda a Europa e é importante que seja em toda a Europa, porque percebemos que a política científica europeia tem de ser inclusiva, juntando-se a uma estratégia de inovação que irá facilitar, e deve facilitar cada vez mais, o alargamento da Europa, e particularmente, o envolvimento de cada região europeia no nosso objetivo comum de criar sempre um futuro com mais conhecimento", salientou.
O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior concluiu referindo que a "UE deve estar muito orgulhosa" por lançar este Conselho Europeu de Inovação (CEI), que irá complementar a "experiência única" que é o Conselho Europeu de Investigação.
O CEI é uma das principais novidades do Horizonte Europa, o programa de investigação e inovação do Quadro Financeiro Plurianual 2021-2027 da UE.
Dotado de 10 mil milhões de euros, o Conselho Europeu de Inovação tem como missão "identificar, desenvolver e expandir tecnologias revolucionárias e inovações disruptivas", através do financiamento de 'start ups' e de pequenas e médias empresas.
Este novo órgão, que já tinha sido alvo de um projeto piloto entre 2018 e 2020, vem assim complementar o Conselho Europeu de Investigação, criado em 2007.
Leia Também: Aumento de diplomados é essencial para tornar UE atrativa