"Temos de acelerar a aprendizagem destes jovens, porque eles estiveram muito tempo parados e temos de fazer todos os possíveis para que estes jovens, quando terminarem a sua escolaridade, estejam tão bem preparados como estariam se não tivesse sido a pandemia", disse.
O antigo ministro participou hoje numa sessão do ciclo de 'webinars' promovido pela Federação Nacional da Educação, com o tema "Que caminhos para a escola na pós-pandemia", em que se sublinhou a necessidade de encarar o regresso às aulas com uma "atitude positiva de progresso".
No entender de Nuno Crato, a retoma do ensino presencial pode ser entendida de duas formas: a primeira, da qual discorda, com um foco único nos efeitos psicológicos e sociais do confinamento nos alunos, e a segunda, que defende, com o reforço e aceleração das aprendizagens.
"[Os alunos] voltam para a escola para aprender mais. Não voltam para a escola para aprender a um ritmo normal, voltam para acelerarmos a sua aprendizagem", afirmou.
O objetivo é recuperar o tempo perdido, já que, como começou por sublinhar, "nada substitui o ensino presencial", apesar das inúmeras ferramentas disponíveis e que têm vindo a ser utilizadas para assegurar o ensino e a aprendizagem não para totalmente porque a escola está fechada.
E numa altura em que o ensino começa a desconfinar e, se a evolução da pandemia não interferir com os planos do Governo, a partir de 19 de abril todos os alunos estarão de volta e a prioridade deve ser avaliar.
"Vai haver uma fase em que vamos ter de olhar para os estudantes e fazer uma avaliação sistemática... Uma avaliação que seja de diagnóstico, mas que também seja formativa", explicou.
No entender do antigo governante, isso será um passo decisivo na recuperação e consolidação das aprendizagens e deverá ser feito em cada turma, em cada escola e, sobretudo, a nível nacional.
"Não basta eu saber como está a minha turma. É necessário eu saber como está a minha turma em relação às outras, qual é a situação na minha escola e o que se passa no país", explicou.
Nuno Crato aproveitou para deixar uma crítica ao seu sucessor e ao atual Governo, considerando que "neste momento estamos a assistir a uma desvalorização da avaliação", através do cancelamento das provas de aferição e do 9.º ano.
Apesar de ter decidido cancelar as provas de aferição -- realizadas anualmente pelos alunos dos 2.º, 5.º e 8.º anos -- assim como as provas finais de 3.º ciclo, dirigidas aos alunos do 9.º ano, o Ministério da Educação vai voltar a realizar testes de diagnóstico para avaliar os efeitos do ensino à distância nas aprendizagens dos alunos, à semelhança daqueles realizados em janeiro em mais de 1.400 escolas.
No final de janeiro, a pandemia da covid-19 voltou a obrigar ao encerramento das escolas e desde 08 de fevereiro que os alunos estão novamente a ter aulas 'online', à exceção das crianças do pré-escolar e do 1.º ciclo, que regressaram às escolas na semana passada.
O regresso dos outros níveis de ensino será progressivo: no dia 05 de abril será a vez dos 2.º (5º e 6º ano) e 3.º ciclos (7º, 8º e 9º ano) voltarem ao ensino presencial, e no dia 19 regressam os alunos do secundário.